CAPÍTULO 16

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POV NOEMI

Abro os olhos apenas para encontrar o quarto vazio, suspiro aliviada em ver que Ronan não está aqui. Não quero vê-lo.

Tento me mexer, mas todo meu corpo dói como se tivesse sido dilacerado. O local entre as pernas arde e minhas coxas estão doloridas.

A autoaversão me atinge. Como pude deixar Ronan fazer isso comigo? Ele me arruinou.

Me forço a sair da cama, estou com tanta raiva de mim mesma que não poderia continuar parada. Tenho que fazer algo. Cambaleando e me escorando nas paredes, vou até a cozinha.

Depois de tomar meu café da manhã, alguém bate na porta. Em alerta, vou até ela. Não é Ronan pois ele não bate, então quem será?

Achando que poderia ser Daria ou Karina, me decepciono ao abrir a porta e dar de cara com um desconhecido.

— Quem é você? — não me incomodo em tentar ser gentil.

— Fique tranquila, Ronan me mandou vir. — ele se apressa em dizer.

Isso era pra me tranquilizar?

Ouço passos pesados vindo detrás dele, e então, Ronan aparece ao seu lado.

— Vamos, Noemi, estou com tempo curto hoje. — ele é rude ao entrar em casa, passando por mim como se não fosse nada.

Atordoada, deixo o desconhecido entrar e sigo Ronan apartamento a dentro. Ivanov não me olha no rosto em momento algum e, não sei porquê, está me deixando desconfortável.

— Vamos fazer aqui. — ele diz ao homem, pegando uma cadeira e colocando-a no meio da sala.

O homem se vira para a mesa, coloca uma maleta sobre ela e, quando abre-a, fico horrorizada ao ver lâminas e injeções.

— Noemi. — Ronan chama e eu encaro-o. Seus olhos dourados estão desprovidos de qualquer calor ou vida,  tudo que sinto é frio. — Venha aqui.

Fico no lugar que estou, apesar de estar assustada com seu tom de voz. Nunca o ouvi falar desse jeito, tão... cruel.

Raiva brilha em seu olhar, o primeiro sinal de emoção.

— Venha. Agora. — diz pausadamente. — Não estou pra brincadeira hoje.

Apesar do medo que me toma, pergunto:

— O que vai fazer comigo?

— Sente e você descobrirá.

Indo mancando até ele, não posso evitar de morrer de vergonha. Vou até ele de cabeça baixa, não ousando olhá-lo.

Sento na cadeira e ele é rápido em atar meu braço direito atrás das costas da cadeira. Assustada, começo a tentar levantar mas ele me segura e me força a permanecer sentada.

O que está fazendo?! — grito a plenos pulmões.

— Faça rápido. — ele fala com o homem, ignorando-me.

De repente, o desconhecido vem e aplica a injeção em mim. Mais alguns minutos e eu não sinto mais meu braço. Ainda assim, me debato, tentando me livrar do aperto de Ronan.

O homem volta, com uma lâmina na mão, dessa vez, e rapidamente faz um corte no meu braço. Olhando, vejo algo pequeno em sua mão, um rastreador, percebo. Ele o coloca em mim e dá dois pontos para fechar o corte.

— Não faça força com o braço ou vai abrir os pontos. — avisa.

Tira isso de mim! — grito para qualquer um que possa ouvir.

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