CAPÍTULO 8

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POV NOEMI

Com os dias, aprendi a lidar um pouco com Ronan. Ele não é um homem que cede, mas está aberto a negociações, claro, desde que ele saia ganhando.

Já estou no complexo dos Dark Riders há três dias e havia aprendido muitas coisas sobre o homem com quem divido o apartamento.

Ele tem 26 anos, é o Prez desde os seus 19, após matar o pai (o motivo eu ainda não sei). Ele tem proficiência em quase todas as armas, mas prefere lâminas, e, como ele mesmo já disse antes, é um verdadeiro gênio.

Atirador de elite, estrategista, poliglota, hacker, sabe construir uma moto do zero, assassino mais temido da Rússia...

E isso é só o que sei.

Ou pelo menos, o que Daria me contou até agora.

Eu queria poder dizer que minha obsessão por Ronan Ivanov é minha tentativa de me proteger dele, conhecer o inimigo, mas não, eu realmente estou curiosa sobre ele.

É o homem mais diferente que já conheci e não consigo tirá-lo da cabeça.

Eu odeio isso.

Não quero pensar em Ronan, não quero estar perto dele, eu quero fugir daqui.

Para onde, não faço a menor ideia. 

— Quero sair do apartamento. — digo, de repente.

Ronan levanta uma sobrancelha.

— Você está ordenando? — entendo seu tom, eu deveria ser mais gentil.

— Eu gostaria de sair do apartamento, estou me sentindo muito presa. — com um suspiro, acrescento: — Por favor.

Seus lábios se repuxam em um sorriso de canto e meu coração erra uma batida.

Que diabos?

— As mulheres só tem permissão para andar no complexo aos finais de semana.

— Amanhã é sábado.

— Então você terá que esperar um pouco mais.

Quando percebo, já estou sorrindo.

***

Vestida com o meu novo padrão, que é calça de couro, coturnos, camisa com o símbolo dos Dark Riders (um ceifador assustador) e às vezes uma jaqueta, que aprendi, se chama cut.

Estou indo sair desse apartamento pela primeira vez em quatro dias. Parece que foi muito mais. Sinto como se minha vida em Nápoles tivesse sido há anos.

Encontro Ronan me esperando recostado na parede, braços cruzados sobre o peito, fazendo os bíceps tatuados saltarem.

Sinto a temperatura começar a esquentar.

— Você fica linda corada. — vem a provocação dele.

Coro um pouco mais.

— Não estou corando, o dia está quente.

Isso o faz rir, o som é grave e gutural.

— O que você disser, Krasavitsa.

— O que isso significa? Krasavitsa.

— Por que não tenta descobrir?

Não respondo, e saímos do apartamento em silêncio. O prédio principal é gigantesco, só agora pude observá-lo direito.

Quanto mais descemos, mais alto eu podia ouvir uma música tocando, um rock.

Olho para Ronan.

— Os dias aqui são assim, agitados. — dá de ombros. — Essa é a sala das Old Ladys.

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