CAPÍTULO 12

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POV NOEMI

Acordo com calor. Um calor confortável está ao redor de mim, o que só me faz querer chegar perto da fonte desse calor. Quando minha cabeça encosta em algo duro, abro os olhos, um peito.

Me afastando, olho para cima e dou de cara com um Ronan adormecido, seus braços ao redor de mim. Eu espero o pânico me encher, mas invés disso, me pego admirando-o.

O cabelo preto está bagunçado sobre o rosto, os traços de seu rosto geralmente afiados, estão calmos. Seus cílios negros batem contra sua bochecha. Ele tem cílios maiores que os meus, percebo.

Tenho que me segurar para não tocar seu rosto. Ele é tão bonito. Tenho quase certeza de que nunca vi um homem tão bonito quanto Ronan.

Ele grunhe durante o sono e estreita seus braços ao meu redor. Minha respiração sai irregular e coro profundamente quando sinto uma "pontada" na minha barriga. Tento me afastar devagar, mas ele me puxa de volta para si, com força.

— Olha o que sua mera presença faz comigo, Krasavitsa.

Sua ereção está colada na minha barriga. Agradeço aos céus por ele ainda estar de olhos fechados e não poder ver o quão envergonhada estou.

Dito e feito, Ronan abre os olhos e a luxúria dentro deles me faz pegar fogo. As memórias de ontem à noite voltam para mim, piorando meu estado atual.

— Você fica fofa corada. — ele fala, a voz grave. Passando a mão pelo meu cabelo, tremo, um arrepio tomando conta de mim. Ele sorri de canto. — Tudo bem, Krasavitsa. Eu sei que posso ser um pouco demais, mas você também é um pouco obcena.

O ar deixa meus pulmões.

— Não sou obcena.

— Você não faz ideia do quanto é.

Completamente desconcertada e sentindo que o lugar está quente demais, me viro rápido e corro para o banheiro. Fecho os olhos, encostando a testa na porta. Minha cabeça dói pela ressaca mas ainda consigo pensar claramente.

Eu beijei Ronan Ivanov. Não, não só beijei ele como também dormi abraçada com ele. Uma noite inteira de sono contínuo e sem pesadelos sobre aquela noite.

Nunca mais vou beber na vida. Isso foi culpa do meu cérebro bêbado.

Exalando uma forte respiração, desencosto a testa da porta e, ao me olhar no espelho, sinto que posso gritar.

Um chupão.

Um chupão grotesco marca minha pele, bem no meio do pescoço. Toco a carne ainda sensível. Merda.

Como eu pude deixar meu sequestrador – meu carcereiro – fazer isso comigo? Eu o odeio!

Ronan é estranho, a palavra "louco" é pouco para descrevê-lo, narcisista, manipulador, autoritário, tem tendências psicopatas... eu poderia passar horas listando seus defeitos, então por que ainda o beijei?

E por que eu lembro de ter gostado muito?

Preciso ir embora, penso então, esse lugar não está me fazendo bem, esse homem não está me fazendo bem. Esse momento teria que chegar mais ou mais tarde, afinal, Ronan não me manteria aqui para sempre. O que ele ganharia com isso?

Essa situação toda é muito ilusória. Estou aqui contra minha vontade, mas não sou uma prisioneira, estou presa aqui mas ao mesmo tempo tenho liberdade...

Eu já comecei a morar aqui como se fizesse parte da minha rotina, como se isso tudo fosse normal, como se sempre estivesse aqui.

Isso está errado.

Isso que estou vivendo não pode ser para sempre. Eu não quero e uma hora Ronan se cansará desse estranho jogo que está jogando.

O que ele quer de mim?

Depois de me arrumar e colocar uma blusa de gola alta, saio do banheiro, mas paro abruptamente ao ver a cena que está se desenrolando a minha frente. Ronan está pelado, de costas para mim, olhando para o guarda-roupa.

Prendo a respiração.

Seu corpo é composto de músculos tonificados, suas costas são largas e sua bunda... ah meu Deus, estou olhando para sua bunda!

Ronan, então, veste uma cueca boxer preta, e só seus movimentos já são capazes de me deixar fraca.

— Está gostando do que vê? — ele se vira e me encara. Pega no flagra.

Meu sangue corre todo para minhas bochechas.

Sem conseguir evitar, meu olhar desce por seu corpo. Pelos bíceps tatuados, o peitoral largo e forte, o pacote de seis, o definido V que desaparece por debaixo da cueca... quase engasgo ao ver o enorme volume nela.

— Meus olhos estão aqui em cima. — ele chama, coro ainda mais.

Quando levanto o olhar, sou cumprimentada por seu olhar afiado e cabelo bagunçado em 40 direções diferentes.

— Bom dia. — tropeço nas palavras.

Ele bufa uma risada baixa, balançando a cabeça.

— Você me come com os olhos e só diz bom dia? — provoca.

Engasgo uma resposta.

— Eu não estava te comendo com os olhos!

— Não tenha vergonha, Krasavitsa, eu também faço muito isso com você.

Deus, aqui está quente demais.

Ele se aproxima de mim, um brilho predador nos olhos. Ele anda em minha direção e vou me afastando até bater com as costas na parede. Ele coloca uma mão em cada lado da minha cabeça na parede, me prendendo.

— Aí está você. No lugar que eu queria. Sob meu domínio.

— Não estou sob seu domínio. — minha voz trai minhas palavras.

— Não? Tem certeza? — ele é irônico. — Eu nem estou te tocando e você já está tremendo de antecipação, ou é excitação? — ele dá de ombros. — Não importa, os dois servem bem pra mim.

Com raiva, tento empurrá-lo, mas Ronan é grande e forte demais para que eu tenha sucesso.

— Eu nunca, nunca, vou me render à você. — quase grito em sua cara.

Ele sorri, provocador, o que só parece aumentar minha raiva.

— Isso é o que veremos, Krasavitsa. Nunca diga nunca.

Ele então, se afasta e entra no banheiro, me deixando sozinha.

Esse homem... argh, eu tenho que ir embora!

Para onde, eu não sei, mas desde que eu esteja longe de Ronan Ivanov, já estou feliz.

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