Capítulo 10 - Primeira vez.

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Quando desejamos que algo aconteça, sonhamos acordados.

Lucidamente.

É como se acreditassemos na força dos nossos desejos e visualizamos-os claramente. Cada detalhe. Sentimos a emoção correr pelo nosso corpo, enquanto planejamos os passos que podem nos levar até a realização desse objetivo.

Essa lucidez dos nossos sonhos nos permite enxergar além do que é evidente. Como se tivéssemos o poder de moldar a realidade ao nosso favor, através da mente e da vontade inabalável.

Eu me sento na cama, frustrada.

A porta está fechada e ouço de longe a voz da morena em seu escritório.

O que essa mulher está fazendo comigo?

Quero entender o porquê de Fernanda mexer comigo de uma forma tão confusa. Sinto-me frustrada com suas ações. Será que ela está brincando com meus sentimentos ou simplesmente não tem consciência do impacto que está causando em mim? Todos esses questionamentos me deixam mais irritada e ansiosa para entender o que ela realmente está buscando.

Eu desço as escadas e ao invés de ficar na sala, vou até a porta de seu escritório que está levemente aberta. Ela não nota a minha presença aqui.

Fernanda está sentada em sua cadeira, com um enorme computador à sua frente e um fone de ouvido. Ela encara seriamente a tela e suspira fortemente. Não parece estar de bom humor com isso, então, eu saio.

[...]

Sua reunião acabou há uns vinte minutos. Agora, estamos sentadas na sala enquanto ela lê um dos livros da sua estante e eu com meus pés esticados em seu colo ao mesmo tempo que mexo em meu celular, rolando a tela de notícias sobre ela na internet.

Não acredito que estou fazendo isso.

Uma de suas mãos faz um certo carinho em minha perna. Percebo que cada vez ela sobe mais. A sensação do toque de sua mão em minha perna fica mais intensa, mesmo com ela dormente. Um arrepio percorre todo o meu corpo. Fico completamente imersa nesse momento e o celular já não me tem mais atenção.

Ela continua sua leitura, mas seus olhos desviam-se do livro ocasionalmente, encontrando os meus. Fernanda sorri.

- O que foi? - Pergunta.

- Nada. Estava vendo algumas coisas sobre você.

- Sobre mim? O que?

- Não sei. - Dou de ombros. - É verdade que você já foi pivô de uma separação?

Ela ri de nervoso e fecha seu livro.

- Onde você viu isso?

Eu viro a tela do celular para a mesma.

- Estava bem no final. Quase nas últimas associadas à seu nome.

Sara suspira.

- Isso já faz um tempo. Há uns cinco anos mais ou menos. Eu fui em uma festa e fiquei com uma mulher que se dizia ser solteira e queria experimentar um... sexo entre mulheres. - Desvia o olhar. - Eu não quero falar sobre as minhas experiências sexuais com você, isso é estranho.

Eu dou risada.

- Por que? Acha que eu ficaria com inveja?

- Claro que não. Mas conversar sobre isso com alguém é esquisito. Principalmente com a mulher que visita meus sonhos todas as noites.

Rio novamente.

- Você é assumida para seus pais? - Pergunto, curiosa.

- Sim. E você? O que seus pais diriam se soubessem que você anda beijando mulheres por aí?

Amante - FerlaneOnde histórias criam vida. Descubra agora