Capítulo 13 - Presente e problema.

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Alane Dias.

Olho para o relógio do meu celular que marca exatamente meia noite e doze.

Estou deitada em uma das espreguiçadeiras da piscina enquanto encaro o céu que, infelizmente, carrega poucas estrelas hoje.

O mundo aqui fora está silencioso e a escuridão paira sobre o terreno que é bem menos assustador de manhã. Mas, esse é o único momento que consigo encontrar paz. Sem Nizam, sem empresas, sem contratos.

Meu irmão mais velho dizia que de meia noite em diante, sem nenhum horário simbólico, a nossa mente desperta reflexões profundas, e que também é o momento em que os nossos sonhos se encontram com a realidade. Eu costumava achar graça disso, pois ele sempre teve a vontade de impressionar. Mas, ele está certo.

Olho para o celular, a luz fraca ilumina meu rosto. Meia noite e quinze. Decido ir deitar.

Assim que me levanto, vejo que a luz da cozinha está acesa. Eu não deixei acesa.

Continuo olhando e logo Fernanda aparece, fazendo-me suspirar aliviada.

Pensei que estava ficando maluca.

Quando ela me vê, franze o cenho, mas vem em minha direção.

- O que você está fazendo acordada a essa hora? - Cochicha.

- Sem sono. Estava tentando relaxar.

- Em uma espreguiçadeira?

Eu dou risada.

- Pensando melhor, eu deveria ter deitado no sofá. Mas tudo bem. Eu já estava indo deitar.

- Lane. - Segura uma de minhas mãos. - Agora eu quem preciso falar com você. Sobre o que aconteceu.

Aponta para a espreguiçadeira, indicando-me para sentar novamente. Assim eu faço.

- O que foi? - Pergunto curiosa.

Fernanda apenas pega seu celular e me mostra. O mesmo contato que havia ligado para ela antes está ligando novamente.

- Você não me deve explicações disso, Fernanda. Está tudo bem.

- Não é o que você está pensando. Posso atender?

Encolho os ombros.

Eu realmente não quero que ela atenda. Não quero ter minhas expectativas frustradas por uma ligação de outra pessoa.

Mas ela atende.

E coloca no alto-falante.

- Certo, Joaquim.

Ela diz, eu franzo meu cenho.

- Oi, madrinha.

A morena me encara.

- Eu posso saber por que você está acordado a essa hora?

- A mamãe disse que eu podia te ligar porque você estaria acordada. Eu só queria dizer que o meu dentinho caiu, e agora você me deve um presente.

Vejo um sorriso crescer em seus lábios.

- Eu vou dar. Assim que eu voltar para São Paulo. Você pode me esperar?

- Sim! - Ele grita.

- Eu estou ocupada agora, mas quando amanhecer, nós conversamos mais um pouco. Beijos, eu amo você.

Ela desliga.

Nós duas permanecemos em silêncio, até ela resolver quebrar:

- Há seis anos atrás, Yasmin e eu fizemos uma viagem para a Europa. Sendo mais exata, para Espanha. Em um dia exato, participamos do Festival em Ibiza. Nós conhecemos várias pessoas que estavam lá, mas não estávamos bêbadas o suficiente para esquecer os rostos delas. - Sorri, como se tivesse lembrando de algo. - Ela conheceu um rapaz. Os dois conversaram praticamente a noite toda e depois, saíram juntos.

Amante - FerlaneOnde histórias criam vida. Descubra agora