Capítulo 11 - Desentendimentos.

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- Se você estiver livre e quiser, é claro, eu gostaria de te levar a um lugar.

Fernanda diz enquanto tomamos o café preparado por Maria.

- Um lugar? Posso saber qual é?

- É uma surpresa. Mas não se preocupe, é aqui perto da casa.

Leva a xícara até sua boca.

- Tenho medo de quando você começa com esses planos mirabolantes.

Ela ri.

- Por que? Na primeira vez em que fiz isso, você conheceu Minas Gerais.

- Quase nada, não é?!

- Eu gosto de surpreender, doutora. Você sabe.

Se levanta.

- Preciso ficar presa no escritório por uma horinha e depois nós vamos, tudo bem?

- Claro.

Sorrio fraco.

Ela vem me dar um selinho, mas eu viro o rosto, fazendo com que o beijo acabe na minha bochecha.

- O que foi isso? - Ela pergunta, estranhando.

- Nada. Está tudo bem.

- Você... Ah, deixa quieto. - Beija minha bochecha. - Depois nós conversamos.

Eu a observo caminhar até o escritório e fechar a porta. Respiro fundo. Maria está me encarando.

- O que está acontecendo entre vocês?

Quebra o silêncio que paira entre nós duas.

- Não sei do que está falando, Maria.

Beberico o café, já morno, de minha xícara.

- Bom, a Fernanda demorou quase um ano para voltar aqui. Em um dia ela dispensa o seu marido, dá a minha folga e vocês ficam sozinhas. Tirando a troca pesadíssima de olhares que rola entre vocês. - Coloca o pano de prato em seu ombro. - Ela já me disse, mas eu quero ouvir de você.

Eu suspiro, me sentindo um pouco desconfortável com isso. Mas, resolvo me abrir para Maria.

- Eu fui contratada para trabalhar com ela, e no meio desse processo todo, nós duas desenvolvemos uma "amizade". No começo, não percebi, mas fui me aproximando cada vez mais dela. E... Bom, o resto você já sabe.

Maria me olha com surpresa, mas continua ouvindo atentamente.

- Eu sei que eu sou casada, e eu não quero me envolver em uma coisa que possa magoar outras pessoas. Além disso, não sei se esses sentimentos são correspondidos por ela. Na verdade, sei, mas não sei o que faço exatamente.

Ela parece compreensiva, mas preocupada.

- E seu marido? Como fica nessa história?

Eu balanço a cabeça, triste.

- Meu casamento não está bem há algum tempo. Eu e Nizam nos distanciamos emocionalmente e eu estava tentando lidar com isso. Antes que você diga, não, eu não acho justo usar meus sentimentos por Fernanda como uma desculpa para sair do meu casamento. Mas eu estou tentando ser honesta comigo mesma e entender o que realmente quero.

Maria se senta na cadeira à minha frente.

- Se você está confusa, escolha sempre a segunda opção. Se a primeira fosse boa o suficiente, você não estaria confusa. Tirando que as segundas opções podem trazer uma... "perspectiva", digamos assim, diferente, ou uma oportunidade que você ainda não considerou.

Amante - FerlaneOnde histórias criam vida. Descubra agora