Capítulo 21 - "Meu amor".

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Meu corpo inteiro paralisou enquanto eu a encaro.

Essa não é a primeira vez em que Fernanda é direta comigo, mas é a primeira vez que ela diz isso olhando em meus olhos.

Meu olhar desce lentamente para seus lábios e minha mente começa a imaginar o sabor do beijo que poderíamos compartilhar. Há uma tensão palpável entre nós, uma eletricidade que parece preencher o ar ao nosso redor. Nossas respirações entrelaçadas, quase sincronizadas, ecoam no silêncio desse momento.

Perdida em pensamentos, finalmente reúno coragem para responder, mas as palavras parecem ter abandonado minha boca. Fernanda, com um sorriso sutil, quebra o silêncio ao dizer em um sussurro:

- Por que resistir ao que claramente queremos, ao que sempre esteve presente entre nós? Sei que você sente o mesmo, doutora. Posso ver em seus olhos.

A admissão me deixa sem palavras, e então, tento lhe responder com um beijo.

Todas as vezes que nos beijamos, o mundo ao meu redor desaparece. Me pergunto se isso também acontece com ela. Fernanda e eu sempre nos entregamos ao desconhecido. É como se em todo esse tempo estivéssemos construindo uma história que transcenderia o tempo e nossos beijos se funderiam em um "beijo eterno".

Ela abraça minha cintura, cada vez mais me apertando ao seu abraço.

- Eu tenho muitas dúvidas, doutora. Mas agora, a minha maior certeza é que eu te quero. - Sussurra, quase sem fôlego. - Fica comigo. Por favor.

Sinto meu coração acelerar.

Não consigo dizer não quando sinto o gosto do pecado misturado com menta.

A cada respiração, minha mente se perde na volúpia desse gosto tentador. Isso queima meus sentidos e me faz esquecer de todas as razões para resistir. Já percebi que não importa quantas vezes eu tente resistir, a atração é irresistível e o prazer efêmero que ela me proporciona é inebriante. Cada momento vivido nessa explosão de sensações é um mergulho no abismo dos meus sentimentos por Fernanda.

Eu guio-a com meu corpo até o quarto e ela me deita na cama. Todas as vezes que transamos parece que são a primeira vez, porque os sentimentos e o desejo da primeira sempre está presente. E eu não quero que isso acabe.

Seus lábios desesperados enlaçam os meus enquanto nos despimos. Sem nenhum medo. Sem nenhum remorso. Apenas eu e ela. Suadas. Grudadas no corpo uma da outra.

Dançando a dança do desejo.

[...]

- Bom dia, doutora. - Ouço sua voz animada ecoar na minha cozinha.

- Bom dia.

- Devo anotar no meu caderno de notas que você acorda de mau humor mesmo depois de usufruir do meu corpo a noite inteira? - Eu dou risada.

- Não. Eu só estou com dor de cabeça. Nada demais. Não tem como acordar de mau humor com você aqui. - Eu falo e ela sorri.

- Sua melosa.

- O que você está fazendo? E por que está com essa roupa? Vai sair?

- Passei no mercado hoje de manhã e comprei algumas coisas para você tomar café. E sim, eu vou sair. Só estava te esperando acordar. Só para evitar problemas futuros. - Brinca.

Fernanda se aproxima e gentilmente deposita um beijo em minha testa.

- Promete que voltará à noite? - Faço bico.

- Prometo. - Toca a ponta do meu nariz. - Prometo vir todos os dias na sua casa e te encher o saco. Vai se arrepender de ter vindo morar para cá.

- Impossível.

Amante - FerlaneOnde histórias criam vida. Descubra agora