Capitulo 30

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Fayola:
Era visível a dor nos olhos de avó Albertina enquanto falava de Essanju,e eu não consegui me conter,chorei do mesmo jeito quando encontrei a minha mãe sem vida,do mesmo jeito que chorei quando a Avó Albertina foi internada e ninguém lhe prestava assistência no hospital público,chorei quando fui injustiçada.

___A vida piorou,parece que fomos amaldiçoados. Todos os dias pergunto a Zambe que pecado tão grande cometi para enfrentar tantos problemas na vida.__Disse limpando suas lágrimas com um pedaço de pano

No mesmo instante levantei-me e corri para o cemitério para a campa da minha mãe,foi difícil encontrar pois aqui os cemitérios não são tão organizados quanto na Europa e devido o tempo várias pessoas haviam sido enterradas perto, e seus túmulos cobertos de mármores não se comparam as padres que cobriam o túmulo de minha mãe. Ofegante ajoelhei-me e chorei como uma criança desesperada e sem esperança nenhuma.

Não sei quanto tempo passou,mas eu havia adormecido na campa da minha mãe, acordara com um toque em meus ombros e uma voz conhecida falar perto do meu ouvido:

__Dizem que os filhos não podem constantemente chorar a morte de sua mãe se não ela os vem buscar __Disse Dona Cassova

Ela levantou-me de onde estava e ajudou-me a caminhar até o jardim do centro da cidade,sentamos em um banco e ela delicadamente abraçou-me

__Como sabias onde eu estava?

___Todo filho quando está triste corre para o colo de sua mãe__Disse Dona cassova

___Mas eu já não tenho mãe,não tenho nada. Perdi tudo e foi culpa minha __Disse   Cabisbaixa

___Quando sua avó,eu e Paulinha saímos do Huambo para o bengo não sabíamos o que fazer,tínhamos perdido tudo mas o Deus dos indeles como diz dona Albertina não nos abandonou. Aqui no moxico enfrentamos muitas situações mas ainda assim não morremos. Todas as noites penso se não tivesse Sido tão burra ainda teríamos as terras de Dona Albertina mas do que me vale tantos pensamentos sem ações? Do que me vale sofrer tanto pelo perdido? Uma vida inteira a pensar nos problemas e eles por acaso foram resolvidos? estou aqui cada dia mais velha,o tal do tempo é generoso chegou para todos menos para mim porquê pensei demais nos problemas,mais do que fiz para sair de onde não me fazia bem___Disse calmamente

___Eu tentei,fui atrás de uma vida melhor para mim e para minha família ,me formei mas em contrapartida eu tive que pagar muito caro,Ameaças,manipulações,fui privada da minha liberdade,odeie-me por existir,odeiei-me por ser filha de Miranda tudo isso é o preço que tive que pagar por querer sair de onde não me fazia bem __Disse ainda com lágrimas escorrendo

___Nada está perdido para você,fazes 24 anos daqui ha 2 meses e muita coisa pode mudar se você se permitir. Você precisa parar de olhar para  os problemas e focar nas soluções. Olha para tua vida,olha para a tua família. Fayola eu já não tenho nada a perder, Zambi não me deu filhos e o meu marido a quem eu muito amei antes desse miserável que roubou-nos o pouco que tínhamos foi morto na guerra, vocês são a minha família e se queres um conselho foca-te na solução,cuida da tua avó,resgata o teu irmão e sê feliz __Disse olhando-me fundo nos olhos

___Mas como eu faço isso? Eu não sei por onde começar,não sei a quem recorrer eu estou praticamente sozinha __Disse desesperada

___Tu sabes. Pensa __Disse se retirando...

[...]
Nos dias que sucederam segui procurando Essanju por todos lugares que conhecia mas parece que a terra o havia engolido. As buscas duraram uma semana

___O Essanju não aparece,procurei-lhe por todos os cantos possíveis mas parece que a terra o engoliu. __Disse Triste

___A culpa é da Amélia__Disse Avó Albertina lentamente

A Procura de MirandaOnde histórias criam vida. Descubra agora