A FUGA DEIXOU de ser a melhor coisa do mundo quando não havia mais lugares para se esconder.
━━ Vai ficar calada? ━ Queen cobra, olhos vazios.
Não há um sentimento por trás daquele azul, mas Ginny sabe o que ele sente mesmo assim. Apenas alguns dias atrás prometeu não mentir e era uma mentira, agora, Oliver descobriu e não tem mais volta. Malditas mentiras, Thompson — quer dizer, Allen — deveria saber que uma hora a verdade seria exposta.
━━ O que você quer que eu diga? Você está certo, Oliver. Eu menti. Mudei de nome e de cidade, não sou quem disse ser.
A mulher tenta transparecer todo seu terror e tristeza, mas até nisso ela não consegue ser honesta. Mentir se tornou como um hábito cruel que consome até as profundezas de sua mente conturbada.
━━ Vá embora. ━ Oliver exige, cerrando os punhos. ━━ E não volte mais. Se contar para alguém minha identidade, contarei a sua.
━━ Calma, Oliver. Vamos conversar... ━ Ginny dá um passo para frente, mas o arqueiro ergue um braço para pará-la.
━━ Conversar? Eu não quero saber de você. Não só mentiu para mim, mas mentiu para Tommy. Sorte a sua que ele morreu antes de descobrir a covarde que você é.
As palavras dele a perfuram como uma flecha afiada, acertando em cheio seu coração. O louro estava certo, mentiu para Tommy. Mentiu para todos ao seu redor e o Merlyn morreu acreditando nessas mentiras.
Ginny tem tentado ignorar a morte do ex parceiro, se distraindo com criminosos e ilusões, mas não importa o quanto corra, não pode fugir para sempre. É um defeito dos irmãos Allen, estão sempre correndo, mas nunca rápido o suficiente. Mesmo que deixe de visitar o túmulo do Merlyn e pare de pensar naquela noite, o homem continua morto. Ele não vai voltar.
Tommy Merlyn não vai voltar.
━━ Me desculpa. ━ Allen sussurra, agarrando sua bolsa.
O Queen não diz absolutamente nada, assistindo sem expressão alguma a ruiva juntar suas coisas e ir embora. Ele não se arrepende de nada, pelo contrário, seu único arrependimento é ter confiado na desconhecida em tão pouco tempo. A garota enxuga as lágrimas e escapa pelos fundos, subindo na moto o mais rápido possível antes que começasse a soluçar na porta do clube. Ela se arrepende de tudo. Na verdade, existe apenas uma coisa que ela não se arrepende e essa é ter se juntado ao Queen.
Existe muita história por trás daquela cabeleira ruiva e discurso de heroína, uma longa e tortuosa história no qual ela tentou durante anos enterrar. E mesmo com todas suas tentativas, foi descoberta pela única pessoa no mundo no qual ela achou que não iria perder. Talvez seja carma por tudo que ela fez os outros passarem. Os outros, sendo principalmente o seu irmão, cientista forense do Departamento de Polícia de Central City, Bartholomew Allen, apelidado por ela de Barry. O garoto nem sequer sabe que neste exato momento está na mesma cidade da sua irmã mais velha que não fala tem meses. Ginny não sabe se quer que ele descubra.
Ela não dirige para casa, pelo contrário, o caminho que percorre é o mesmo no qual tentou evitar os últimos meses. As lágrimas escorrem e umedecem o rosto e o interior do seu capacete, mas a Allen não segura os soluços dessa vez. Definitivamente, é um carma.
Finalmente chega no local, estacionando a moto na frente da entrada sem ligar para quem a visse chorar. Genevieve treme como um terremoto, pés tocando o chão com tanta delicadeza que aparenta pensar que o chão é lava. As palavras escritas em grandes letras pretas chamam atenção e, com muita coragem, a ruiva adentra o local.
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𝐒𝐎 𝐈𝐓 𝐆𝐎𝐄𝐒, oliver queen.
FanfictionGinny Thompson se mudou para Starling City a procura de uma vida melhor, mas, para isso, teve de prometer deixar de lado suas fantasias. Entre elas, o uniforme roxo que utilizava durante as noites obscuras de Nova Iorque. Oliver Queen está de volta...