zero: end of beginning.

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A MULHER DE longos cabelos ruivos chora, soluços embargados engasgando em sua garganta com o desespero da sobrevivente que assiste a morte carregar em seu manto alguém amado. As lágrimas cegam a visão, mas as memórias vívidas de destroços sobre o corpo do homem ainda fervem na mente.

━━ Não! Por favor. ━ Ela implora, segurando o rosto pálido em mãos. ━━ Não, eu te imploro. Por favor, você não.

O pedido é ignorado pelo universo, mas ela não desiste. Por muito tempo, nem sequer se move, apenas continua ali atordoada com rezas não correspondidas. Até com o caos no lado de fora, não atreve abandonar o moreno, mesmo que ele a tenha abandonado, deixando para trás uma viúva que não é uma de fato. Talvez este seja o problema da ruiva, está sempre amando pessoas que vão embora ou que não sentem o mesmo — neste caso, os dois.

━━ Me perdoa. ━ Murmura entre soluços, tão fraca que acredita ser a próxima vitima desse evento monstruoso. ━━ Eu não fui o suficiente. Eu não consegui te salvar. Eu... Eu falhei.

Observá-lo traz memórias que pensou ter esquecido, daquela noite assombrada quando ainda era uma pequena garotinha. O sentimento de solidão é o mesmo, mas, desta vez, a perda é outra. Nunca imaginou que passaria por algo similar novamente, mas cá ela está.

Está sempre tão próxima da morte que considera apelida-lá. Será que a senhora do fim gostaria de ser nomeada do que? Um nome de flor, como Azalea? Ou talvez algo mais clássico, como Ceifadora?

Talvez ela goste de Ginny.

Um grito agudo e assustado ecoa pelo lugar, e quando preenchem seus ouvidos, ela se ergue do chão e, assim como sempre foi, volta as sombras. Não só fisicamente, quando corre por dentre à fumaça para esconder-se de quem pudesse a reconhecer, mas emocionalmente, ao deixar um pedaço de si dentro dos destroços.

Um sentimento cruel e contorcido toma conta do estômago e, ainda vestida em seu uniforme roxo encapuzado, ela vomita. As lágrimas escorrem pelo rosto enquanto agarra na grade que cerca o terreno do, agora caído, prédio comercial. Tudo ainda está tão recente e aterrorizante, como se os deuses estivessem brincando com sua sanidade mental.

A mulher em si, Genevieve Thompson, não teve um passado muito feliz e, levando em consideração o presente, parece que o futuro lhe guarda apenas os piores dos momentos. Afinal, naquela mesma noite, antes de entrar em luto pela perda do ex amado Thomas Merlyn, Genevieve conheceu um outro alguém entre as sombras que costumava acreditar que a pertenciam.

A cidade o chama de Arqueiro, mas ela? Logo o chamará de Oliver.

𝐒𝐎 𝐈𝐓 𝐆𝐎𝐄𝐒, oliver queen.Onde histórias criam vida. Descubra agora