Notas iniciais:
— Universo Alternativo: Bela e a Fera
— Uma noite comum na vivência do alquimista Pac, e da fera amaldiçoada Fit
Boa leitura!
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Ter sido sequestrado não estava sendo tão ruim. Já estava fazendo sete meses que Pac trocou sua liberdade pela do seu irmão, sendo obrigado a viver dentro das paredes daquela velha mansão, sendo vigiado pelos animais e pela fera que ali morava.
No primeiro mês que teve que chamar aquele lugar de lar, o clima era tenso e nada agradável para o alquimista e para a fera. Pac veio de uma aldeia onde ele conseguia ser auto suficiente e não aceitava ser mandado por ninguém, então se sentir preso foi um dos motivos das discussões que o "preso" tinha com o dono da casa. Os únicos que o ajudavam e entendiam suas explosões silenciosas de estresse eram os bichos da casa, que Pac descobriu rapidamente serem os funcionários do local.
As coisas só melhoraram após o segundo mês, depois de uma discussão fervorosa, a fera — de nome Fit — expulsou o alquimista de sua moradia, e sem delongas Pac saiu em lágrimas pela enorme entrada da mansão, tendo se arrependido algumas horas depois por ter saído no meio de uma noite de inverno. E no meio da floresta, o alquimista se viu cercado por uma alcateia de lobos, Pac sabia lutar, mas estava encurralado e seria morto mesmo que tentasse revidar os ataques.
Ele foi atacado por uma das criaturas, um corte profundo em seu abdômen e um rasgo na bochecha, mas ele não morreu naquela noite. Fit havia ido atrás do rapaz, após seus funcionários puxarem sua orelha e o fizeram perceber seu grande erro, a fera de aparência reptiliana encontrou o alquimista e o salvou de seu fim, mas em compensação, teve graves ferimentos por seu corpo.
Naquela noite eles não discutiram, eles conversaram enquanto tratavam dos ferimentos um do outro. Pac entendeu mais da situação de Fit e dos trabalhadores do lugar, enquanto a própria fera entendeu melhor os hábitos do homem.
Depois daquela noite, Pac começou a vê-lo mais como um homem, e não como uma fera. E talvez, seu coração tenha começado a bater mais forte entre as costelas.
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Sete meses depois de tudo, o alquimista estava na biblioteca da mansão do antigo líder da guarda real, Fit. Desde que descobriu que o guerreiro e sua casa foram amaldiçoados por um antigo feiticeiro chamado Madagio, Pac buscou estudar e aprofundar seus conhecimentos nos campos místicos, pois a área de maldições e feitiços eram desconhecidas para ele, sabendo apenas o básico de cura e levitação.
A única fonte de calor e luz naquela gigante biblioteca era um candelabro que suportava duas velas, já que a terceira já havia se apagado. Pac devia estar em seu terceiro livro quando um ar quente atingiu sua nuca e duas enormes patas se apoiaram nos braços da cadeira que estava sentado. Ele não pode deixar um sorriso bobo se formar em seus lápis ao saber quem estava atrás de si, mas mesmo assim a voz profunda o atingiu como um canhão:
— O'Que está fazendo acordado tão tarde? — Fit bufa, o ar quente fazendo o mais baixo se arrepiar pelo choque térmico — devia estar na cama
— Boa noite Fit — Pac larga o livro que tinha em mãos, se virando na cadeira para olhar o rosto da fera — estou sem sono, decidi estudar um pouco
Os olhos brilhantes do Aligátor passam para a mesa, vendo o livro que antes estava na mão do alquimista, para a pilha que o mesmo pretendia ler aquela noite. Desde que Pac descobriu sobre a maldição, era comum as vezes encontrá-lo adormecido sobre um amontoado de livros, mas dá última vez, o rapaz adoeceu, preocupando todos os moradores da casa.
— Cama, agora — o alquimista franze a testa com a ordem do anfitrião.
— Estou sem sono Fit — o moreno protesta.
Um rosnado baixo ecoa da fera, enquanto uma das enormes patas se moveu e segurou Pac pelas costas, derrubando a cadeira do processo de trazer o alquimista contra o peito da criatura. Segurando firmemente o moreno com um dos braços monstruosos, Fit se movimenta para fora da biblioteca, feliz pela falta de luta do companheiro menor.
Pac estava em estado de choque, ele não sabia como reagir às ações do outro homem, o'que levou a falta de protestos ao ser carregado para o corredores de aposentos da mansão. Saindo de seu nevoeiro quando seu corpo foi colocado contra um colchão muito macio e cobertores gigantes, fazendo-o notar que não estava em seu quarto, e sim no quarto do anfitrião.
Os olhos dos dois se encontram, fazendo Fit os arregalar brevemente ao notar o olhar questionador e confuso do alquimista. A fera bufa mais uma vez, enquanto forçava Pac a se deitar e puxava a coberta para cima dele, antes de se acomodar ao lado do homem, passando o braço sobre o moreno para o pressionar contra si novamente.
— Eu te conheço, se eu te colocasse em seus aposentos, você arrumaria um jeito de fugir e voltar aos estudos
A acusação de Fit não era sem fundamentos, se fato Pac já havia fugido de seus aposentos inúmeras vezes por motivos variados, mas o principal era sua necessidade incessante de achar um jeito de quebrar a maldição dos habitantes da mansão. Fit nunca diria em voz alta o quanto aquilo era apreciado e admirado por ele, pois isso desencadearia a revelar que os flertes dos últimos quatro meses tinham um motivo a mais. Mas a obsessão de Pac por isso deixava a fera preocupada, pois não queria que o "amigo" ficasse doente ou se sentisse mal caso seus estudos não mostrassem resultado.
— Agora durma, amanhã você continua seus estudos — a frase parecia uma ordem, mas Pac ouviu em seu tom que era um conselho, além do tremular de preocupação que os ouvidos do moreno captaram.
O coração do alquimista parecia que iria explodir dentro de seu peito, seu corpo tremia mas não de frio, estava aquecido pelas cobertas e pelo corpo de Fit, — era irrealista como uma criatura de sangue frio poderia ser tão quente — ele também estava levemente ofegante. Ainda não havia nomeado o'que sentia pelo homem maior, na realidade ele nem conseguia nomear esse sentimento.
Apesar de terem começado do lado errado, e do jeito arrogante e frio de Fit, Pac não poderia estar mais agradecido por tudo oque o ex-guerreiro fez por ele, o cuidado e o carinho que eles estavam cultivando, todos os pequenos e grandes momentos e mudanças que faziam juntos, tudo isso com acumulava e aumentava a determinação que Pac tinha em quebrar aquela maldição.
Ele faria de tudo para ajudá-los, não importava oque fosse preciso.
Notas finais:
— Inspirado nas artes de "Kyynas" no twitter
Até a próxima!
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Buquê de Rosas
Fanfiction"Cada flor que compõe um buquê, possuem uma história, um motivo, uma razão para estarem ali". [Compilado de história curtas de Hideduo, RoseFamily, Morning Creaw]