4- Zephyr

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Esse é um dos meus capítulos favoritos, porque ele ilustra exatamente o que eu gostaria que fosse uma conversa intima entre pais e filhos. Infelizmente ainda existe muito tabu e tradicionalismo na frente nos impedindo, mas aqui eu posso sonhar.

***

- Meu filho, estou muito orgulhoso de você por tomar a iniciativa e se voluntariar para formar o casal piloto, mas você tem certeza sobre isso?

- Sim pai. A agencia responsável pelo pareamento é muito séria, e investigou extensivamente a candidata que me aceitou. Eles garantiram que ela é uma pessoa de boa índole e caráter elevado.

- E tudo bem para você ela ser tão diferente meu filho?

- Pai, qual é sua verdadeira preocupação?

- A intenção é gerar uma prole meu filho, se você não se sentir atraído por essa fêmea...

- Pai, o senhor está realmente falando isso para mim? Nós somos de uma cor completamente não natural a ela, e ela me aceitou. Todas as características que me são estranhas nela, também são estranhas a ela em relação a mim. Mas nós podemos vencer qualquer uma dessas diferenças físicas se nos focarmos em nossas personalidades.

- Então seu objetivo é se apaixonar pelo conteúdo?

- Não me entenda mal pai, algo na aparência dela me chamou atenção sim. Claro que alguns aspectos me deixaram um pouco desanimado, mas outros me deram esperança. E quanto mais eu pesquiso sobre sua espécie maiores ficam minhas esperanças.

- Então vou confiar no seu julgamento filho. Espero que seja tudo isso que você está esperando e muito mais. Que sejam realmente compatíveis fisicamente, para dar origem a uma prole saudável e resistente. Pelos astros, isso tem que dar certo, não somos capazes de aguentar nenhum outro golpe.

Quando nós somos pequenos, nossos pais se reúnem em uma festa na fogueira com outros pais e crianças de idades próxima, e contam histórias de como conheceram seus respectivos pares, como construíram o relacionamento, os desafios que enfrentaram. Conforme as crianças crescem os pais avançam nas histórias. Quando atingimos nossa maturidade física aos 16 anos, é costume os adultos começarem a ensinar as nuances de um acasalamento. Ambos, pai e mãe, cada um contribui com as informações pertinentes ao seu gênero.
No meu caso como sou um macho, meu pai se encarregou de me ensinar como conquistar o afeto de uma fêmea, falou sobre o cortejo, sobre como ser romântico, como cuidar da minha aparência para ser atraente, dando valor aos meus atributos físicos, e ressaltando sempre as qualidades da minha personalidade. Minha mãe ensinou quais partes do corpo de uma fêmea eu deveria dar atenção, os momentos certos de tocar, de falar, de insinuar, e quais reações eu colheria de minhas investidas. Eles me ensinaram sobre consentimento, respeito, amor, cuidado.

E agora eu iria me casar com uma fêmea de outra espécie. Não sabia se o que eu aprendi com meus pais seria eficiente, ou sequer surtiria algum efeito na minha companheira. Então pensando nisso, pedi que meu pai e minha mãe me ajudassem a pesquisar sobre a espécie da minha futura esposa.

Haviam poucos manuais sobre a espécie dela, pouco sobre a anatomia e ainda menos sobre os rituais de cortejo e acasalamento. Cheguei a ver algumas peças, ou vídeos como eles chamavam, mas não parecia que as fêmeas realmente gostassem da forma como os machos conduziam as coisas.

- Filho isso não parece natural, a fêmea está chorando. Não havia um manual falando sobre os humanos derramarem água pelos olhos quando estavam sobrecarregados de emoções, geralmente negativas?

- Eu não sei mãe, esse vídeo não está ajudando mesmo.

- Zephyr esqueça isso, seja honesto e mantenha a mente aberta, acredito que será mais fácil se ela mesma explicar como funciona para você.

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