15- Elara

41 1 0
                                    

Meu marido definitivamente estava crescendo em mim. Já há dois meses casados, e mesmo ele ficando bastante fora por causa de seu emprego, ele ainda tinha tempo de cultivar nossa relação. Não posso dizer que tenha sido fácil, mas eu fui superando os obstáculos.

Agora além de Gorni e Eulazy, eu também tenho uma amizade próxima com Xênia e Fitorya. Já saímos todas juntas algumas vezes, e apesar do jeito irreverente delas, foi uma experiencia legal. Esse planeta também não era nada mal, meu gatinho cresceu tanto no último mês que precisei pedir para um amigo de Gorni fazer uma casinha para ele no quintal.

Alguma coisa aconteceu porque, depois que adotei Simba, toda vez que vou ao entremeio seja sozinha ou acompanhada, um animalzinho aparece para me fazer companhia. Eu gosto de arrastar as meninas comigo ao entremeio, porque elas são absurdamente urbanas, e mulheres de laboratório. É sempre bem engraçado ver elas interagindo com um meio ambiente menos controlado, onde a fauna e a flora fazem o que quiserem.

Apesar de nossos esforços, e acredite nós estamos realmente nos esforçando, ainda não engravidamos. Isso tem sido um pouco angustiante, levando em conta que todos esperam que eu engravide o mais rápido possível, para saber como será o bebe meio Zeta meio humano.

Pensando em como eu ando tensa e preocupada com a demora em engravidar, minhas novas amigas sugeriram que eu saísse de casa, que fizesse algo que mulheres no meu planeta costuma fazer.

- Não sei se vocês vão querer fazer o que eu fazia quando estava no meu planeta.

- Dê sugestões e a gente tenta adaptar, vamos. – Eulazy que já era minha colega há mais tempo era sempre a mais animada, já que tinha aprendido um pouco sobre meu jeito, melhor, se contaminado.

- Bom, eu costumava fazer tratamentos estéticos. Nós temos alguns estabelecimentos para isso.

- Como o quê por exemplo?

- Fazemos as unhas, tiramos o excesso de pelo corporal, fazemos massagens. Ou podemos fazer compras. As vezes só conversamos, bebemos e comemos juntos. Ou um cinema também.

- Várias opções. Como podemos adaptar? Aqui não temos isso.

Claro porque as princesinhas são perfeitas, não tem um fio de cabelo fora do lugar.

- Que tal uma festa do pijama, aproveitando que Zeph viajou hoje cedo e vou ficar sozinha em casa?

- Como é uma festa do pijama? – Quis saber Xênia já bem interessada.

- Cada um leva um prato de sua comida favorita, e nós arrumamos os cabelos umas das outras, pintamos as unhas, falamos besteira... – Achei melhor sugerir que cada um se vire com o que gostar de comer, que não sou obrigada a cozinhar pra todo mundo e no final elas não comerem.

- Falar besteira? – Fitorya parecia ser bem saidinha, só tinha a cara de santa.

- Sim, assuntos picantes...

- Acho que isso não é possível, somos todas solteiras.

- Verdade. Mas podemos falar de situações embaraçosas que já passamos com o sexo oposto.

- Olha não sei que fim vai dar, mas eu topo.

- Tudo bem, eu estou dentro também. Não deve ser tão ruim.

Todas empolgadas marcamos para fazer algo no fim da noite na minha casa. Preparei algumas guloseimas inspiradas nas guloseimas do meu planeta, como pipoca azul, bebidas fermentadas alcoólicas que eu mesma desenvolvi e estavam curtindo no último mês, doces e salgadinhos. Aprendi a fazer uma versão de coxinha com carne de jaca, sem a jaca que ficou muito parecida com frango. Eu sou uma piada, eu sei. Mas não vou desistir de comer coisas gostosas só porque a comida aqui tem cara e gosto estranho.

Doce encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora