Esse capítulo tem alguns gatilhos de gordofobia, novamente: prezem sua saúde mental.
- Mãe, acho que isso não vai funcionar para mim.
Eu estava no átrio da casa nupcial, meu marido já havia se dirigido para a praça central e me aguardava. Eu deveria estar a caminho, mas minha sogra disse que uma parte importante da tradição era que eu fosse carregada até meu marido. Não apenas isso, eu não poderia colocar meus pés no chão até chegar em sua presença. Trouxeram o que parecia com um esquife misturado com uma liteira e quatro homens da família deveriam me carregar.
Deveriam, mas não conseguiriam, e eu já sabia disso apenas de olhar para o equipamento. Uma das características mais admiráveis do povo Zeta era que eles focaram em seu desenvolvimento culto e intelectual, e se possuíam músculos definidos, isso se devia mais ao fato de terem sido criados com essa característica, do que por fazerem exercícios. Claro que se exercitavam, mas era mais um tipo de treino de condicionamento físico, por causa da pressão atmosférica. Eles definitivamente não eram super fortes fisicamente.
- Querida, claro que vai funcionar. Suba aqui, venha. – Ela estendeu a mão e eu fui, apenas pelo prazer de ver sua cara de tacho quando percebesse que eu tinha razão.
Infelizmente eu estava certa, para minha consternação os quatro homens não foram capazes de me carregar.
- Sogra eu posso ir caminhando, façam um cortejo e...
- Não! – Ela deu um grito que me sobressaltou, depois continuou- Quer dizer, isso não será necessário. Pode ofender as pessoas querida. Vou chamar mais ajudantes.
Em sua defesa, ela realmente chamou mais ajuda. Foi triste ver aqueles homens suando e sofrendo para me carregarem por quinhentos metros até a praça. Mas o pior foi quando eu cheguei. As pessoas olhavam horrorizadas para mim enquanto eu descia da liteira/esquife.
Não só começaram a olhar, como começaram a cochichar e em seguida perderam o pudor e passaram a apontar para mim. Eu fui ficando cada vez mais nervosa, e o constrangimento me fez sentir oprimida. Um nó ficou apertado em minha garganta e tudo o que eu queria era sair dali, mas eu não podia.
Percebi que minha sogra tentava me passar sensações apaziguadoras, e fiquei grata por seu esforço, foi graças a ele que eu não tive uma crise histérica e não acabei piorando tudo.
Respirando fundo, tentei me manter animada e espantar o desanimo que queria se abater em mim e me concentrar na noite mágica que minha cerimonia de vinculo prometia ser. Ignorando os cochichos, e olhares de esguelha, fui me aproximando de Zephyr por todo o caminho ladeado de plantas e flores exuberantes.
A praça central parecia mais com um jardim, iluminado por estrelas, flores que brilham suavemente a noite e algumas lanternas flutuantes, algumas com luz quente e outras de tom azulado e violeta adornavam todo o caminho até o altar. O tapete, feito de fibras naturais com pequenos pontos de brilho lembravam vagalumes delicados, e guiava meus passos até meu noivo.
Me flanqueando estavam Eulazy e Fitorya. Uma música suave ecoava pelo espaço, enquanto eu caminhava. Espero que o número reduzido de damas de honra seja capaz de simbolizar adequadamente a boa sorte e fertilidade que era esperada.
Ao ficar de frente com meu noivo, notei como ele olhou por todo meu corpo e abriu um sorriso discreto. Não parecia animador, mas tentei não me abater. A culpa era dele que não quis ser mais criterioso.
Os símbolos de sua pele tinham um brilho prateado suave e eram padrões intrincados e muito hipnóticos, que fazia o contorno de seus ombros, valorizando os músculos de seus braços e abdômen, levando a um caminho perigoso em direção ao seu quadril. O ancião lhe estendeu um cristal luminescente, símbolo de sua cultura pelo que entendi.
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Doce encontro
Любовные романыElara, uma chefe de cozinha talentosa e apaixonada, vive em uma cidade movimentada, mas seu coração está em pedaços. Seu marido a traiu e a deixou falida, e agora ela luta para sobreviver. Enquanto isso, em um planeta distante chamado Luminarids, um...