8- Elara

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Ao acordar, ainda me sentia desgastada, provavelmente pelo pouco tempo que dormi, mas já me sentia mais esperançosa depois de firmar em minha mente algumas metas para os próximos dias e semanas. Após fazer minha higiene, vesti uma túnica fresca, pois sentia calor mais do que nos últimos dias, e fui procurar algo para comer. Encontrei minha sogra me aguardando com uma expressão não tão acolhedora.

- Bom dia minha filha.

- Bom dia mãe, aconteceu algo?

- Parece que tentaram pôr fogo no jardim.

- Não tentei, eu coloquei. Fiz uma fogueira ontem antes do amanhecer para tentar cozinhar alguma coisa para comer. Fiquei tão nervosa com a cerimônia ontem que não consegui me alimentar direito e dormir se mostrou impossível com um buraco no estomago.

- Entendo.

- Desculpe, não foi minha intenção prejudicar seu jardim mãe, estava com fome apenas.

- Não é meu jardim criança. A casa nupcial é comunitária. Todos a utilizam em ocasião de seus matrimônios, mas não se preocupe, logo o jardim se recupera. – Disse minha sogra, mas não pude deixar de perceber um leve tom de desagrado em sua voz.

- Qual é a programação para hoje mãe? Resolvi trocar o assunto.

- Hoje você irá finalmente para sua casa, dar início a sua vida conjugal. Estou tão feliz!

Ao mesmo tempo que eu acreditava que ela estava mesmo feliz, eu não conseguia acreditar. Ela parecia feliz por eu sair da casa nupcial, mas não necessariamente feliz com minha presença. O mais estranho? A boca e expressões dela diziam estar satisfeitos, mas os olhos não transmitiam a mesma mensagem, e pior: ela claramente tentava manipular minhas emoções para eu acreditar em sua felicidade.

Acho que por eu passar a maior parte da minha noite ontem e antes de ontem tendo minhas emoções manipuladas, eu já conseguia sentir rapidamente quando alguém tentava me fazer acreditar que eu queria sentir algo que na verdade eu não queria.

- Eu também mãe. – Decidi por fingir comprar a história dela, para não criar maiores problemas.

- Vejo que escolheu uma vestimenta do nosso povo, ficou ótimo em você.

- Eu acho que posso lidar com uma certa transparência, a nudez completa ainda me perturba, mas assim me sinto confortável.

- Que bom, filha. Vamos, o cortejo a aguarda para leva-la até meu filho. – Disse minha sogra com uma certa pressa na voz.

Fomos para o átrio interno da casa, e encontramos as mesmas pessoas do cortejo anterior. Xênia, Eulazy e Fitorya estavam junto da multidão, então me encaminhei até os rostos conhecidos.

- Boa noite, como você está Xênia?

- Estou bem, e você descansou bem?

- Sim, obrigada.

- Queria me desculpar por meu comportamento ontem. Você está fazendo algo muito importante para o nosso povo, e devo me alegrar por ser você, uma mulher honrada e bondosa a preencher o coração de Zephyrion.

Não vou negar que ouvi-la chamando meu esposo pelo nome completo ao invés do apelido íntimo, melhorou em 30% meu humor.

- Fico feliz de saber isso. – Eu queria ter ela se não como amiga, ao menos como uma aliada, então eu reconhecia o esforço.

Começamos a andar por toda a praça que ainda apresentava sinais da decoração da noite anterior, e chegamos até Zephyr, meu cortejo feminino se unindo ao cortejo masculino dele, e me deparei com ele todo arrumado com adornos por seus ombros e cabeça. Na noite anterior minha sogra me presenteou com uma joia de família, um de seus colares, para que eu não ficasse sem joias ao me encontrar com meu esposo. Ela havia me explicado que tais adornos eram presenteados durante o namoro, mas como não passamos por essa etapa, eu obviamente não possuía nenhum deles.

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