Capítulo 19- Zephyr

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O festival foi um grande sucesso, muito maior do que até mesmo os mais otimistas esperavam. No segundo dia Elara acordou mais cedo para aumentar a produção das opções de comida que ela já havia preparado para expor no festival, e com o público esgotando novamente seu estoque, ela me pediu que eu voltasse junto com Gorni para casa e buscasse o que havia pronto para o dia seguinte, que também esgotou.

Para o terceiro dia só restou a ela expor parte do nosso estoque particular, que também foi consumido rapidamente. Antes do final do festival, Elara ainda recebeu várias propostas de colaboração com outras cidade-estado, que gostaram tanto das tortas cruas doces e salgadas, as bebidas fermentadas e até das opções desidratadas, que pediram que ela incluísse tais alimentos na dieta das crianças ainda na fase escolar, e mais: pediram que ela montasse um treinamento para os funcionários de nutrição dos institutos educacionais, e um plano de aula para ensinar a próxima geração nas escolas.

Como a última geração a passar por institutos educacionais havia sido a minha, nós sabíamos que ela teria um tempo hábil para fazer os treinamentos, adaptar as receitas para serem feitas em maior quantidade e montar um plano de ensino voltado para economia doméstica e gastronomia Zeta. Sim, o conselho de supremos estava cogitando formar um guia de alimentação baseado nas iguarias desenvolvidas pela minha companheira e transformar seu tipo de culinária, em culinária oficial do planeta.

Minha esposa receberia um título especial e entraria para a história do nosso povo. Eu não tinha como ficar mais orgulhoso, mas é claro que as propostas não pararam por aí. Zeta de todos os cantos começaram a pedir que minha fêmea abrisse uma franquia de comércios de sua comida, que ela sugeriu que poderiam ser restaurantes onde as pessoas poderiam tanto encomendar pratos específicos, como ir até o estabelecimento para comerem e terem uma experiencia gastronômica nova.

Uma minoria mais corajosa também pediu que ela ministrasse cursos, workshops e oficinas para ensinar suas receitas e técnicas culinárias para eles poderem fazer suas próprias descobertas. O povo Zeta era muito desenvolvido em tecnologias, mas ainda tinha muito o que aprender sobre sua própria alimentação. Elara até disse que a experiencia gastronômica havia despertado hiperfoco em culinária em alguns.

Foi difícil segurar sua empolgação, ainda mais porque eu também fiquei muito empolgado, mas eu precisava a ajudar a ser realista e ir com calma.

- Zyliup, sei que está empolgada, e eu também estou, mas você terá tempo para desenvolver esses projetos. Precisa se acalmar. A nossa prioridade continua sendo ter um bebê. Inclusive sem bebê não tem programa escolar novo.

- Eu sei Zeph, mas não é como se fossemos ficar trancados dentro de casa praticando até engravidarmos, certo? Posso fazer ambos!

- Tem que se dedicar. Já estamos há quase quatro meses juntos e ainda não concebemos.

- E você não acredita que a culpa é minha, certo? Minha espécie é muito fértil.

- Não Zyliup, mas alguma coisa não está certa, precisamos descobrir o que é. E eu tive uma ideia. Por que não vamos conhecer as outras famílias miscigenadas com Zeta que já existiram?

- Você sabe onde os encontrar?

- Sim, já entrei em contato com três famílias inclusive. Acho que podemos ir conhece-los em dois dias.

- Rápido assim? Olha Zeph, não me entenda mal, mas já parou pra pensar que se seu povo não tivesse demorado tanto para fazer algo a respeito da fertilidade de vocês, agora não precisariam ficar correndo como desesperados atrás de uma solução? Vai saber se não é toda essa pressão psicológica que está nos impedindo de conceber?

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