Finalmente, depois de pouco mais de dois meses de casada meus sogros aceitaram virem em casa para um jantar. Eu fiquei muito nervosa com a recepção perfeita, queria que eles achassem tudo bonito, arrumado. Que tivéssemos assuntos para conversar, que eu não ofendesse mais nenhum costume ou tradição do povo deles. Então, além de toda essa pressão ainda tinha o fato de eu não estar nem remotamente gravida, o que só complicava mais as coisas, levando em conta que eu me casei para ser justamente a esperança desse povo.
Escolhi minhas melhores receitas, todas testadas mais vezes do que eu poderia contar. Fiz minhas novas amigas comerem por semanas minha comida e serem brutalmente honestas sobre sabor e textura, o que elas comeriam novamente e o que repudiaram além de qualquer reconsideração. Finalmente na véspera da visita deles eu consegui fechar um cardápio aceitável, com opções cruas e opções cozidas.
Para os petiscos e aperitivos escolhi um sorvete de banana que eu fazia com a banana congelada. Era só bater tudo no processador. Claro que não tinha banana e demorei um pouco para achar uma fruta compatível com a textura que eu estava procurando, mas deu certo. Também fiz alguns sanduíches, mas como não tem como fazer qualquer tipo de produto de panificação sem assar eu já esperava que eles não fossem comer. Fiz uma versão de tábua de queijos com todos os meus queijos veganos que não precisavam passar por processo de cocção, frutas desidratadas ao sol por precaução, castanhas e nozes, e espetinhos de legumes e tofu.
De bebida disponibilizei água aromatizada com frutas e ramos de ervas, com gelo saborizado. Escolhi as menores folhas e frutas mais coloridas e congelei para ficarem bonitos, afinal primeiro nós comemos com os olhos. Também preparei duas opções de bebidas fermentadas e meu melhor licor.
Fiz uma sopa de frutas para a entrada. Para o meu paladar era terrível chamar um monte de frutas nadando em leite vegetal, com farinha de sementes e amêndoas de sopa, mas eu precisava de opções cruas e foi o que minhas amigas e Zephyr aprovaram unanimemente. E também fiz uma opção de salada colorida com sementes e castanhas para caso eles quisessem algo salgado ao invés do doce das frutas.
De prato principal eu tive muita dificuldade, mas me esforcei muito e torcia que a opção crua fosse aceitável. Fiz nuggets de cogumelos que eu apenas salteei, não poderiam ser considerados cozidos, com marinada de legumes e lentilhas à italiana, que nada mais era que uma leguminosa germinada, misturada com o azeite e outros legumes, igualmente crus. A sobremesa foi uma cheesecake de frutas vermelhas, e sinceramente eu quis fazer para fechar com chave de ouro. Literalmente comida de passarinho.
Para mim que não sou obrigada a além de comer comida vegana ainda ter que comer coisas cruas, fiz de entrada um gaspacho que na falta de tomates acabou ficando azul. Fiz uma versão de bolinhos de espinafre, e um patê que ficou bem gostoso para comer com chapati. De prato principal fiz um empadão de cogumelos e o que deveria ser palmito, mas que trouxe o sabor da minha terrinha. Eu preferia um cuscuz paulista, um virado à paulista, ou até mesmo uma feijoada? Com certeza. Mas quem não tem cão... De sobremesa fiz um fudge com minha nova invenção: chocolate de protz. Não pergunte.
Arrumei a mesa na varanda com a melhor vista possível, a qual eu sou apaixonada, escolhi minha melhor louça e me esforcei em usar poucas roupas e alguns desenhos que Fitorya e Xênia me ajudaram a pintar em meus braços e mãos. Usei meus melhores acessórios e embora estivesse com um top que nada mais era que uma faixa que cobria meus mamilos, e uma calcinha asa delta que mal cobria minha preciosa, ambos no tom da minha pele, era o melhor que eu podia fazer para parecer nua.
Zephyr chegou mais cedo do trabalho para me ajudar a arrumar a mesa para o jantar, pedi que colocasse as músicas que eu havia selecionado no meu idioma já que no povo dele ainda estavam desenvolvendo outros estilos musicais que não fossem os cerimoniais. Enquanto isso eu me arrumava no nosso quarto, as meninas já haviam ido embora e me desejaram todas as energias positivas para me ajudar a conquistar meus sogros.
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Doce encontro
RomanceElara, uma chefe de cozinha talentosa e apaixonada, vive em uma cidade movimentada, mas seu coração está em pedaços. Seu marido a traiu e a deixou falida, e agora ela luta para sobreviver. Enquanto isso, em um planeta distante chamado Luminarids, um...