Voltamos em um silêncio desconfortável, pela primeira vez desde que nos conhecemos, para a cidade. Eu queria poder deixar que Elara ficasse com o animalzinho, mas não sabemos nada dele. E eu não posso perder minha esposa. Ver a decepção em seus olhos era como punhaladas em mim. Além de ser muito expressiva, minha esposa também não sabia esconder suas emoções e eu podia perceber uma mistura de tristeza, compaixão e angustia partindo dela.
Tentei manter a animação por nós dois, mas percebi que seria mais difícil do que eu supunha. Mostrei várias outras espécies que apareciam vez ou outra pelo caminho para ela, mas minha esposa não conseguia se interessar. Eu sentia seu desanimo cada vez mais crescente. Ela tentava disfarçar, mas não conseguia.
Saímos da área do entremeio e a levei direto até a residência do meu amigo Gorni. Meu amigo gostava muito de estudar as espécies do nosso planeta, já que não havia muitas descobertas a serem feitas no nosso genoma. Quando falei para ele que precisávamos de ajuda de alguma espécie para deixar o risco de extinção para trás, ele me ajudou muito a pesquisar nos registros galácticos a melhor espécie. E ambas as espécies que sugeri na reunião do conselho meses atrás foram descobertas dele. Antes disso, assim como todos na reunião, não fazíamos ideia da espécie humana.
Quando falei que mal sabemos algo sobre as espécies do meu planeta, não fui completamente honesto. O que eu quis dizer é que o pouco que Gorni sabia, era que eles são selvagens e perigosos, muitos venenosos. E como já temos basicamente tudo o que precisamos, não temos incentivo para aprender mais. Tudo o que Gorni aprendeu foi por sua conta, com seus próprios recursos, fazendo caçadas e estudando o comportamento e hábitos dos animais que ele observava na natureza do entremeio, ou levava para casa quando encontrava algum abatido.
- Olha quem apareceu! Sejam bem vindos.
- Obrigado amigo. Essa é Elara, minha esposa. Elara esse é Gorni, meu melhor amigo de infância.
- É um prazer.
Elara cumprimenta ele com uma voz baixa e um sorriso rápido nos lábios. Gorni obviamente já sentiu sua energia, e me olha com uma expressão preocupada.
- Entrem por favor. No que posso ajudar hoje?
- Elara está com dificuldades para se adaptar a atmosfera de Luminarids.
- Quais problemas especificamente, Elara?
- Eu sinto dificuldade para respirar quando ando muito rápido ou por muito tempo. Também tenho me sentido mais sonolenta. Meu apetite está um pouco prejudicado.
- E emocionalmente?
- Eu estou bem.
- Tudo bem então, vamos ao laboratório, quero fazer alguns exames em você, se você permitir.
- Por mim tudo bem.
Vamos seguindo Gorni pela casa, enquanto ele mostra os ambientes rapidamente para Elara, que tenta demonstrar interesse, mas está visivelmente abatida. Entramos em seu laboratório e ele pega alguns instrumentos para verificar Elara.
- Você já está no planeta há alguns dias certo?
- Isso, já são cinco ou seis dias se não me engano. Eu ainda fico confusa por causa da vida noturna.
- Isso é normal, logo você acostuma. O sono como está?
- Eu tenho dormido muito. Mais de 12 horas.
- Isso te incomoda?
- Sim, no meu planeta eu passava no máximo 8 horas em repouso. Sempre aproveitei ao máximo as horas do dia, apesar do meu biotipo avantajado eu sempre fui muito ativa.
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Doce encontro
RomanceElara, uma chefe de cozinha talentosa e apaixonada, vive em uma cidade movimentada, mas seu coração está em pedaços. Seu marido a traiu e a deixou falida, e agora ela luta para sobreviver. Enquanto isso, em um planeta distante chamado Luminarids, um...