Doce encontro

6- Elara

Verdant me levou para uma sala com bancos esculpidos na pedra em volta de uma piscina natural que exalava fumaça perfumada, e já contava com várias mulheres Zeta, todas nuas. Nuas! Não vou ser hipócrita e dizer que nunca fiquei nua na frente de outra mulher, é óbvio que eu já troquei de roupa na frente de outras mulheres, já até tomei banho, mesmo porque cresci num lar transitório, quase não existe privacidade nesse tipo de lugar.

Mas entenda: eu, uma mulher gorda, negra, de outro planeta, toda cheia de curvas, meu rosto redondo, meu nariz grande, minhas orelhas que não eram pontudas como as delas, e minha barriga gorda que não tinha nada a ver com os abdomens esculpidos daquelas mulheres, cada uma das minhas características causariam sim um impacto visual, assim como as características delas já causavam um impacto em mim. Eu não estava constrangida apenas, eu sei que sou uma grande gostosa, sempre me achei muito bonita, mas a discrepância dos nossos corpos era muito grande e opressora e de repente me senti muito desanimada. Mais ainda do que já estava antes, em apenas ver minha sogra. Agora conhecendo as mulheres com quem meu marido convivia diariamente, eu estava além do desgosto.

- Venha querida, não fique tímida, pode entrar. Vou te apresentar a cada uma das suas damas de honra. – Convidou suavemente minha sogra, segurando minha mão e tentando me puxar para a sala.

Olhei ao redor, tentando reconhecer os detalhes do ambiente, fazer isso me ajudaria a lidar com a crescente onda de pânico que tentava me subjugar. Era uma sala de banho, onde a sofisticação e o requinte se entrelaçam com a beleza natural. Cada detalhe foi meticulosamente escolhido para criar uma atmosfera de spa exclusivo. No centro da sala, uma piscina esculpida em pedra emergia do chão como um oásis mineral. Suas bordas suaves e arredondadas eram um convite a mergulhar na água fresca e revitalizante. A pedra escolhida é semelhante a um mármore raro, com veios sutis que lembram as correntes de um riacho de montanha. A piscina parecia profunda o suficiente para nadar, mas também com áreas rasas para relaxar. A luz dos satélites naturais em órbita fluía através de uma claraboia estrategicamente posicionada, criando padrões suaves na superfície da piscina. Por ser noite, luminárias embutidas nas paredes de pedra lançavam um brilho suave, como estrelas refletindo na água. As paredes eram como que revestidas com pedra natural, com tons que variavam de cinza suave a âmbar quente. A textura áspera da pedra contrastava com a suavidade da água. O piso é de madeira envelhecida, provavelmente resistente à umidade e com uma pátina que conta histórias de muitos anos, de outras noivas assustadas como eu talvez.

Alguns bancos de pedra ao redor da piscina oferecem lugares para descansar e contemplar. Um banco de madeira maciça fica próximo à piscina, perfeito para colocar toalhas ou apreciar a vista. Uma mesa de pedra esculpida abriga velas perfumadas e uma seleção de óleos essenciais e o que eu deduzi serem talvez o equivalente a sais de banho.

Vasos de cerâmica clara com plantas semelhantes a samambaias exuberantes e o que seria uma versão alienígena de orquídeas delicadas. Suas folhas verdes adicionam frescor e purificação ao ambiente. Uma treliça de madeira sustenta plantas trepadeiras, que no meu mundo seriam heras e jasmins, mas aqui eu não tenho ideia do nome, criando uma parede viva que se mistura com a natureza lá fora. Além da piscina, uma cascata de pedra flui suavemente em um canto. Seu som suave é uma melodia relaxante.

Aos poucos meu pânico foi diminuindo, se pelo exercício de catalogar cada item dentro da sala ou por intervenção da minha sogra nas minhas emoções, não faço ideia. Fato é que eu me acalmei o suficiente para conseguir voltar a enxergar os rostos das poucas pessoas presentes.

- Meu filho deve ter lhe contado sobre os rituais pré casamento?

- Sim, ele disse que no primeiro dia eu passaria por alguns procedimentos estéticos como massagens, pinturas e banhos, não necessariamente nessa ordem.