Capítulo 34 - A volta pra casa

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- Ah, Chris... até que enfim, você chegou, meu querido!

- Onde ele está, senhora Vedder???

- Trancado no quarto e só chora sem parar... Me ajuda com ele, filho, tenho medo que faça alguma besteira.

Desde a conversa com Lilly, Eddie ficou arrasado. Estava deprimido, devastado como se um trator tivesse passado por cima e não deixado um pedaço sequer inteiro. Karen Lee apelou para o seu melhor amigo, Chris Cornell na tentativa do rapaz se abrir com alguém e dividir o peso de sua angústia.

Após muitas tentativas de fazer Eddie abrir a porta, Chris adentrou o quarto do amigo pela janela. Eddie estava encolhido no chão em um canto do quarto em posição fetal e apenas estava com o olho aberto fitando o nada:

- Hey, bro! Não fica assim... tudo passa! 

Chris alisava o braço do amigo na tentativa de consolá-lo e Eddie sequer se mexia.

- A Susan ficou impressionada como a Lilly procurou a Beth e não ela para pedir ajuda. A Lily a procurou também e contou o que vai fazer....Mas, olha... você não pode ficar aqui. Com as poucas forças que tem, Lilly está procurando seguir sua vida e você tem que fazer o mesmo.

Eddie mexia os olhos aprofundando as palavras do amigo.

- Eddie, eu sei o quanto você gosta da Lilly, todos nós vimos isso... Nesse tempo que ficaram juntos não teve quem duvidasse de que eram um casal apaixonado. Era claro, evidente pra quem quisesse ver. Mas, quis o destino que vocês fossem afetados por erros que os pais de vocês cometeram. Foi muito grave o que aconteceu e pra certas coisas, não há amor que resista. 

Eddie continuava ouvindo atentamente.

- Entendo que esteja devastado, meu amigo. Eu acompanhei sua angústia todos esses dias. Ainda me lembro da sua reação quando descobriu que era filho do primo Josh. O que era pra ser um motivo de grande alegria, virou seu maior pesadelo por achar que era irmão de Lilly. E também acompanhei sua frustração ao se sentir impotente por não poder fazer nada para protegê-la dela mesma. Lilly estava ainda mais desesperada do que você achando que carregava um filho de uma relação incestuosa. Imagina a cabeça dela como ficou pra ter chegado ao ponto de tentar tirar a vida duas vezes. E imagina também como ela se sente por ter feito o que fez. A garota está tão perturbada quanto você...

- Pra se fazer uma criança é necessário duas pessoas.... Ela podia ter dividido tudo comigo...

- Mas, ela não o fez, Eddie. Ela não teve maturidade pra pensar como você acha que ela deveria ter pensado. Entenda que não era fácil pra ela chegar em você e contar que esperava um filho. Eddie, pelo amor de Deus, ela achava que vocês eram irmãos, deveria estar sendo muito difícil ter que olhar pra você! Você mesmo me disse uma vez que não saberia como encará-la diante daquela situação horrorosa...

- Agora ela já sabe que não somos irmãos... Por que ela não pode estar aqui e seguir em frente comigo do lado dela???  Por quê???

- Eddie, o que a Lilly disse a Susan é altamente compreensível. Ela quer conhecer sua própria história, saber suas origens. Não acha que ela tem direito???

Eddie nada responde, parecia estar muito magoado e se sentindo abandonado por Lilly. 

- Eddie, todos nós sabemos o quanto vocês se gostavam, mas... depois de tudo que houve, acho que nada mais justo que tanto você quanto a Lilly se deem um tempo. Pense nisso!



Dois dias depois, São Paulo, Brasil

Lilly viajou de volta pra casa na companhia de Karina. Josh não pretendia voltar ainda, pois queria passar mais tempo com Eddie e terem momentos pai e filho. Lilly o apoiou nisso e, por mais que Karina o implorasse, Josh não cedeu e ainda voltou a lhe falar sobre o divórcio.

Voltar pra casa depois de meses fora e com tantos atropelos em sua vida, estava sendo um fardo para Lilly. Ainda mais por saber que encontraria sua verdadeira mãe, que até então nada sabia sobre a descoberta da garota. Lilly abriu a porta da sala e foi entrando com suas malas sendo seguida por Karina. Abandonou a bagagem e com algumas lágrimas nos olhos contemplou a casa que viveu desde criança e vários momentos lhe vieram a mente.

- Mas, por que não avisaram que estavam de volta??? Ah, meu Deus, Karina, eu teria preparado o almoço preferido da Lilly. Fez boa viagem, minha filha? - a mulher abriu os braços esperando a reação da menina que a observava emocionada.

Karina estava absorta em constrangimento e apenas ficou de braços cruzados observando a cena.

- O que foi, meu bem? O gato comeu sua língua? Não fala nada e vai ficar parada aí sem me dar um abraço? Ou vai dizer que não sentiu minha falta nem um tiquinho assim? Hum?- carinhosa como sempre era, Nancy não percebia o quanto deixava Lilly ainda mais emocionada com seus gestos e palavras.

- Senti muito sua falta.... Nancy! - a garota corre para lhe abraçar e a mulher acha estranho sua atitude.

- Ih, já vi que ela chegou cheia de manhas! O que essa mocinha andou aprontando nos States, hum? Vai me contar tudo!

Lilly não soltava Nancy que continuava abraçando a garota com carinho. Karina que também se emocionava, mas de tristeza, não aguentou ficar vendo a cena e se retirou logo em seguida.

- Eu senti muito a sua falta, Nancy. E você não tem ideia do quanto desta vez!

- Oh, minha menina... o que foi que houve? Até agora não entendi porque seus pais foram de uma hora pra outra pros States. O que foi que aconteceu? Você andou aprontando alguma coisa? Fala a verdade! - dizia acariciando o rosto da garota que chorava emocionada.

- Eu vou te contar tudo... Tudo mesmo! Eu só preciso desfazer minhas malas, tomar um banho e me recompor... Estou muito cansada, não dormi nada na viagem...

- Está bem, eu vou preparar aquele banho de espuma relaxante que você gosta. Não esqueceu que eu sei todos os seus gostos, não é?

- Acho que você me conhece melhor do que ninguém, Nancy.... - dizia sorridente enquanto subia as escadas acompanhada da mulher.

Even Flow - a filha do primo Josh  *SAGA*Onde histórias criam vida. Descubra agora