Capítulo 41- O gênio dos Maya

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Lilly chegou aos prantos em casa, onde Josh conversava com Nancy sobre as saídas da garota na insistência de conhecer a família do pai:

- Lilly??? O que foi minha filha??? O que te fizeram? - Josh a segurou.

-  Filha, eu disse que esse negócio de conhecer aquela gente... - Nancy estava nervosa.

- Chega!!! Não se preocupem! Eu não vou mais atrás deles! Eu achei que conseguiria, mas... não, eu não consigo lidar com tanta hipocrisia e preconceito por tão pouco... Acho que prefiro que meu pai saiba que nunca existi do que ser obrigada a aceitar como avó uma mulher tão... repugnante e cínica!!! E ainda saber que ela é a principal influência do meu pai e talvez isso o tenha feito ser tão covarde...

- Esteve com Vera Maya??? Falou com ela??? Minha filha, ela te maltratou quando soube quem você era??

- Não, Nancy... eu não cheguei a dizer....não tive coragem! Mas, não se preocupe! Como eu disse, nunca mais vou procurá-los! Eu só quero descansar um pouco e amanhã vou decidir o que vou fazer...

Lilly dirigiu-se ao seu quarto e ficou pensando em toda a conversa com a avó paterna. Vera Maya realmente lhe pareceu uma mulher de coragem e fibra e facilmente seria alguém de quem ela se orgulharia se seu preconceito não tivesse prejudicado tanto a Nancy, sua mãe biológica.

Por alguns instantes, os pensamentos de Lilly viajaram tão alto que chegou a culpar Vera por tudo: se ela não tivesse impedido o filho de saber da gravidez de Nancy, talvez ela teria sido criada em harmonia pelos pais biológicos, talvez tivesse outro nome, talvez outros ideais, talvez nunca tivesse conhecido Eddie e passado por toda aquela tragédia em sua vida...


Na sala da casa, Josh e Nancy permaneciam conversando:

- Nancy, eu... estou procurando refazer a minha vida e acredito que tudo tem se encaixado para isso. Há muito tempo que a indústria onde trabalho quer me transferir para os Estados Unidos e agora me divorciando de Karina e me entendendo com Lee.... isso está mais perto de se concretizar.

- Karen Lee... Seu grande amor do passado...

- Meu grande amor do presente.... Enfim, eu estou realmente me mudando para Seattle e.... queria muito que Lilly viesse comigo. Além de lá ter mais oportunidades, ela ficaria longe da família Maya e ..

- Se entenderia com Eddie?

- Você acha que não é uma boa?

- Bom, Josh.... acho Lilly muito nova pra pensar em relacionamento, mas o fato é que minha filha está sofrendo muito por ter se separado desse rapaz e ainda mais da maneira que foi... Eu escuto o choro dela todas as noites e sei que ela não superou esse término, mas a verdade é que mais do que isso, Lilly não perdoou a si mesma por ter tirado o filho... Eu temo muito pelo que pode acontecer com ela, porque uma pessoa quando não perdoa a si mesma tem a tendência de viver amargurada e se sabotar o tempo todo arrumando pretextos para continuar infeliz.

- Concordo com tudo que disse sem nenhuma reserva... Meu filho também anda depressivo desde que Lilly veio embora e a forma como ele fica é de partir o coração.

Neste instante, a campainha da casa toca e Nancy estranha não imaginando quem seja, mas dirige-se à porta:

- Pois não?

- Com licença! Bom dia! - um homem robusto de aproximadamente 1.80cm, aparentando 50 anos, usando terno e gravata lhe cumprimenta.

- Sim! Quem é o senhor?

- Me chamo Dawton e sou representante da assistência social do bairro. Estou procurando Lilly Vedder. Ela mora aqui?

- O que o senhor quer com minha filha? - Josh que ouviu a conversa o intimida.

- Josh Vedder? É o senhor mesmo? - Dawton o reconhece.

- Sim, da onde o senhor me conhece?

- Da mídia! O senhor tem uma grande indústria automobilística em São Bernardo, não tem?

- Sim! Mas, ainda não me respondeu o que quer com minha filha.

- Então é daí que vem o sobrenome Vedder que ela tem? Na hora eu não associei a sua pessoa. Bom, mas eu vim aqui apenas porque gostaria de levar alguns mantimentos para a comunidade carente que ela representa. Onde fica?

- Comunidade carente que minha filha representa??? Do que está falando??? - Nancy não compreende.

- Bom, dona....

- Nancy, me chamo Nancy Medeiros.

- Bom, dona Nancy, eu fiquei sabendo que a sua filha representava algumas comunidades carentes da cidade, estou enganado?

- Sim, está! Você deve estar confundindo minha filha com outra pessoa!

- Ah, claro! Devo ter me confundido ou me deram a informação errada! Bom, vou bater no seu vizinho, com licença. Tenham uma boa noite e desculpe o incômodo. - o homem era o assessor de George Maya e seguiu Lilly pois estava desconfiado dela.

- Mas, da onde surgiu esse homem, Nancy? E procurando por Lilly com história de comunidade carente???

- Se você não entendeu nada, eu menos. Lilly nunca esteve envolvida com comunidades carentes que eu saiba. Mas, uma coisa é certa: ela tem vontade de trabalhar em obras assistenciais ajudando os mais necessitados. 

- Sim, é verdade, ela sempre manifestou esse desejo! Lembro que quando fazíamos campanha do agasalho ela fazia questão de participar ativamente e incentivar os coleguinhas da escola a fazerem doações.

- Lembro muito bem disso! Acho que nessa parte, Lilly puxou ao talento do pai para lidar com assuntos assim! George sempre disse que quando fosse político seria para ajudar os mais necessitados e fazer a diferença nesse cenário.

- Todos os políticos dizem o mesmo, até chegarem ao poder e serem corrompidos!

- Apesar de tudo, não acho que seja da índole de George agir desonestamente, mas.... tudo é possível! Por outro lado, o gênio de Lilly é igual ao de Vera: teimosa, intensa, tinhosa e extremista.

- Isso é verdade! Principalmente, o extremista. Lembra daquela vez em que ela ficou doente, fraca e debilitada, com febre e sem comer, só porque uma coleguinha tinha ficado de mal dela na escola?

- Essa não foi a única vez! Lembra quando você a fez terminar com Alex a prendendo dentro de casa? Ela passou dias tendo febre, de cama, sem querer comer. Intensifica demais o que sente, principalmente, quando é algo ruim pra ela.

- Isso também aconteceu quando esteve na América. Lee me contou que ela ficou assim depois de se decepcionar com umas garotas que se passavam por amigas dele! Ah, Lilly, Lilly!


Even Flow - a filha do primo Josh  *SAGA*Onde histórias criam vida. Descubra agora