Capítulo 30 - A cúmplice

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Eddie abriu os olhos e viu que o sol batia em seu rosto. Incomodou-se com a luz forte que mal lhe deixava enxergar algo ao seu redor tamanha era a claridade.

Levantou-se e ao apoiar as mãos, sentiu que suas mãos tocavam algo parecido com uma grama e nada parecido com um colchão onde achava que estava. Os olhos apertados tentando entender a energia diferente ao seu redor enxergavam ao menos que ali poderia ser qualquer lugar, menos o quarto de Lilly onde tinha passado a noite.

O cheiro de natureza era suave e o frescor era de uma manhã cálida, embora a luz do sol fosse forte. Caminhou e percebeu que estava descalço. Apesar de estar em um ambiente estranho, não sentia medo, receio ou qualquer outro sentimento negativo. Caminhou mais um pouco e viu algumas crianças brincando em um parque mais a frente e aquilo o fez sorrir. Notou que haviam algumas pessoas assentadas ao redor daquele parque. Imaginou que fossem parentes das crianças que corriam alegres e sorridentes. Um pouco mais afastado, viu uma moça assentada encostada a uma árvore que recebia uma flor branca de uma criança que saiu correndo, logo em seguida. Alguma coisa o atraiu a ela e quando se aproximou notou que era Lilly.

- Lilly?? Lilly, meu amor... - agachou-se e tocou em seus ombros, mas a garota se desvencilhou.

- Não me toque, Eddie, por favor. Não podemos!

- Não, não, meu amor, olha... Foi tudo um grande engano e nós não somos irmãos!

Lilly nada respondeu, apenas continuava com semblante triste olhando na direção das crianças. Eddie notou em suas vestes que a região do coração de Lilly sangrava por debaixo.

- V-você está bem??? O que houve??? O que foi isso?

- É como meu coração está agora diante do que me disse mais cedo...

- Do que eu disse??? Ah, sim! Meu amor, é uma história longa...Mas, é verdade, Josh contou toda a verdade sobre a sua adoção. Você não é filha dele e nem de Karina e nós podemos viver nosso amor livremente, nós nunca tivemos culpa! - dizia tentando tocá-la, mas Lilly continuava se desvencilhando.

- Eu já sei, Eddie! Você já me disse isso há algumas horas atrás.

- Algumas horas atrás?

- No hospital.

- Você...você podia me ouvir???

- Do mesmo modo como estou ouvindo agora...

- Entendo, eu acho... Amor, olha... eu não estou entendendo bem o que está havendo, mas, você está aqui, está bem, saudável... Não vamos perder mais tempo com tantas coisas ruins que nos consumiram... Vamos embora pra bem longe disso tudo e vamos ser felizes...

- Ser felizes??? - a garota pranteava. - O que está me dizendo não muda o que houve e eu estou condenada pra sempre a ser infeliz e amargurada.

- Meu amor, o que está dizendo? Por quê?

A garota parou de fita-lo ainda estando assentada sobre a grama e Eddie viu que ela olhava novamente na direção das crianças que brincavam. Notou quando um menino aparentando uns cinco anos de idade sorriu na direção deles e acenou alargando o sorriso. Isso foi motivo para Lilly chorar ainda mais. Eddie nada compreendia.

- Lilly, por que não vem comigo pra casa? Vamos, eu vou fazer você descansar e..

- Eddie, você não compreendeu nada do que leu, não foi?

- Quer dizer sobre o livro?

- Eddie, você pegou o meu livro e fez um ritual intenso sobre encontro das almas e é por isso que eu estou aqui... é por isso que estamos aqui! Não percebe que esse não é um lugar comum e que nada do que acontece aqui é físico ou de caráter material?

Even Flow - a filha do primo Josh  *SAGA*Onde histórias criam vida. Descubra agora