Recomeçar...

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Quinze dias após a morte da vó de Sn...

Pov: Lino

Eu estava muito preocupado, havia se passado um período de duas semanas após o ocorrido com a vó de Sn. Ela havia se afastado um pouco de mim, eu tentava animar ela mas tudo era sem sucesso, depois da primeira semana ela se tornou praticamente incomunicável. Marcela me procurou algumas vezes, mas só a respondi com distância. Na segunda semana de luto eu e Sn nos falamos algumas poucas vezes por mensagem de texto, e a única coisa que sabia dela era que ela voltaria a escola amanhã. Apesar de saber a importância das notas escolares pra ela, não acredito que seja o melhor. A escola sempre foi um lugar infernal onde ela passa todo tipo de importunação. Eu estava na casa de kant, após um treino estava sentado com uma xícara de café na mesa com uma cara um pouco desanimada até ele me perguntar o que houve.

Kant: voce sabe que não tem nada que você possa fazer e tá frustrado por isso né?
Lino: aí Kant, eu amo tanto ela que trocaria de lugar com ela pra não ver ela assim.
Kant: ninguém tá imune as dores da vida, mas Deus sempre nos apresenta refúgio. Você entrou o seu nas batalhas e ela vai encontrar o dela. Ela é forte, é decidida, vai saber lidar com o luto.
Lino: tô preocupado, ela tá distante. Semana passada ela tava incomunicável, agora ela responde uma mensagem minha e some logo depois.
Kant: você acha que seria imprudente ir na casa dela?
Lino: eu não sei, não sei se o pai tá lá, e se tiver não sei como reagiu a notícia, então não sei
Kant: é uma situação difícil, na verdade é uma situação muito difícil mesmo, mas sei que vai dar um jeito de ajudar ela.
Lino: eu realmente espero que sim.

Depois do treino voltei pra casa, eu estava deitado no quarto pensando. Depois de vários pensamentos decidi que iria correr atrás de Sn na escola no dia seguinte.

Pov: Sn

15 dias, 15 dias em que vivi um inferno mental, 15 dias em que chorava por não ter aproveitado o tempo com minha vó, 15 dias em que eu me torturava com a dúvida de como meu pai estava e onde estava, 15 dias de distância da minha mãe e do meu irmão, 15 dias em que meu irmão chorava no quarto dele e eu no meu, 15 dias em que eu mau mau me alimentava, 15 dias onde eu só sabia chorar e dormir, 15 dias onde Joana fazia seu máximo pra tentar me fazer comer alguma coisa,(apesar de ter sido demitia sempre estava presente pra cuidar de mim),15 dias comigo pensando na fragilidade da vida e no quanto nossa saúde pode ser osciosa, mas depois de 15 dias eu percebi que eu não havia morrido e que apesar de tudo o fim é inevitável pra todos. E no fim desses 15 dias infernais eu percebi que se vivesse o luto pra sempre quando chegasse meu fim, meu livro estaria com todas as páginas pretas porque não vivi nada. A primeira semana do meu luto eu me dopava de remédios pra dormir e poucas vezes comia, em nem um momento toquei no meu celular e nem mesmo no meu diário. A segunda semana eu olhei meu celular e estava cheio de mensagens, mensagens do Bob me lembrando que faltava pouco pro inter estadual, mensagens de Lino preocupado, mensagem essa que foi a única respondida por mim, mensagem do meu pai dizendo que estava em um compromisso importante de trabalho e que me amava, mensagem do meu irmão perguntando quando eu iria sair do quarto e que já havia ido embora da nossa casa, mensagem e ligações da Rebeca perguntando se eu tinha desistido da escola e muitas outras que não dei importância. Depois disso eu escrevi meus sofrimentos e lamentos no meu diário e depois olhei minha câmera. É incrível como nosso sofrimento nos afasta até mesmo das nossas maiores paixões. Eu olhei algumas fotos e me determinei a seguir atrás de tudo que eu amava. Eu também abri meu guarda roupa e decidi que agora entraria em uma nova fase, onde iria colocar todos os pontos nos is, e iria ter foco em tudo que fosse importante e agregasse positivamente na minha vida. Eu separei meu uniforme e deixei ele separado, pois no dia seguinte eu iria pra escola e iria voltar a tomar as redias da minha vida. Meu celular vibrou e ao olhar era uma notificação do YouTube com uma nova música do meu irmão, a música se chamava sua ausência e quando a escutei me emocionei ao me lembrar da minha vó. Também me emocionei pela estética ser baseada no anime que eu tanto via com meu irmão.

Lino X You: Câmera e microfone Onde histórias criam vida. Descubra agora