ARIANE (2)

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[ 08 de setembro, segunda-feira ] 



  
  Sei que a maioria das pessoas nutre um ódio profundo pelas segundas-feiras, mas eu não sou uma delas. Talvez porque segunda é dia de clube na escola, talvez porque eu sinta um pouco de saudades do Keith no fim de semana ou, talvez, porque o Castiel mora bem ao lado de casa, então não faz diferença se vou encontrá-lo na escola ou não. No geral, as segundas-feiras são boas para mim. Minha irmã, por outro lado, parece bastante sonolenta enquanto toma café. Provavelmente porque ela levanta mais cedo que o necessário para garantir que ficará perfeita. Não entendo a razão de tanto esforço só para ir para a escola; quem se importa com o que aquele povo pensa? Logo nos formaremos e nunca mais pensaremos neles. 

  Acontece que Ariana, ao contrário de mim, é popular e ama cada segundo disso. Não frequentamos a mesma escola desde a segunda série, porque mamãe assistiu ao caso das Gêmeas Silenciosas e ficou muito assustada. Isso nunca foi um problema para nós. Se estudassemos juntas, é certo que seríamos comparadas uma a outra o tempo inteiro. De qualquer forma, ainda lhe dou uma carona todas as manhãs. 

  — Vale mesmo a pena acordar às quatro e meia da manhã e ficar igual a um zumbi depois? — me sento ao seu lado na mesa. 

  — Um zumbi muito sensual, obrigada. Só preciso de um café ou cinco. 

  — Vai acabar com uma bela arritimia, isso sim. 

  — A beleza tem um preço, irmãzinha. Eu gosto de ser admirada — sorri. — Tenho três atletas na palma das mãos, um jogador de basquete, um jogador de futebol e um carinha do time de natação. Tem que ver como disputam minha atenção. 

  — Qual é, Ana, você sabe exatamente o que eles querem. 
 
  — Claro que sim, não sou ingênua. Acontece que é exatamente o que eu quero também. 

  Balanço a cabeça. Desde que entramos no ensino médio Ariana começou a ver a virgindade como um obstáculo que a impedia de curtir totalmente, como suas amigas, então não demorou para se livrar dela. Tive que ouvir em detalhes como foi sua primeira experiência com um garoto, o que foi um bocado desconfortável. A partir daí ela se tornou imparável. Nunca teve um relacionamento sério, mas está sempre com alguém e me encoraja a fazer o mesmo. Não entendo como ela pode tratar o sexo com tanta banalidade; eu não me sentiria à vontade fazendo o mesmo. Nunca fiquei sem roupas na frente de um cara, nem mesmo de lingerie. Ao menos acho que não... Há sempre a possibilidade de Castiel Chase ter me espiado enquanto eu me vestia, aquele cretino de cabelo tingido. 

  Noto que há um burburinho enquanto atravesso o estacionamento e o pátio em direção ao meu armário, especialmente entre as garotas. O que está havendo, afinal? Pego os materiais necessários para as primeiras aulas e os enfio na mochila. Esperançosamente, conseguirei pegar um café com leite e canela na cantina antes do sinal tocar. Dou de cara com Nathaniel quando fecho o armário e me viro. Temos algumas aulas juntos, ele é representante de todas as turmas, praticamente um assistente pessoal da diretora. Ela designa a ele pequenas tarefas que não quer fazer por si própria, e ele faz a mesma coisa com outros alunos. É um cara legal, embora seja um pouco sério. 

  — Ah, e aí, Nath. 

  — Oi, Ariane, que bom que te encontrei — sorri. — Poderia me fazer um pequeno favor? 

  Não falei? 

  — Hum... Claro. Como posso ajudar? 

  — Você e o Castiel são amigos, certo? 

  — É... Tipo isso. Mais ou menos. Não, na verdade, não somos. 

  — Tudo bem, mas são próximos. Sempre vejo vocês de conversinha por aí. 

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