ARIANE (10)

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( 29 de setembro, segunda-feira ) 





  
  

  — Não gostei nada da forma que fugiu e me largou no cinema, garotinha. Você e seu coleguinha não têm educação? Que desgosto para uma mãe... 

  Fecho a cara, bato a porta do armário e me viro. Castiel ostenta um sorrisinho, as mãos enfiadas nos bolsos do moletom. Será que não posso ter um minuto de sossego? Queria saber o que tanto atrai esse idiota para mim, como uma mariposa é atraída pela luz. Talvez Lysandre tivesse razão quando disse que Castiel se diverte com o jeito que reajo às suas provocações, mas não posso evitar. Sou incapaz de simplesmente ignorar seus comentários engraçadinhos. 

  — Incrível que tenha notado nossa ausência, com a língua enfiada na garganta daquela oxigenada — retruco. — Não deveriam fazer esse tipo de exibicionismo numa sala cheia de crianças, sabia? 

  — Foi por isso que fugiu? Não suportou me ver com outra garota? 

  — Por favor, estou acostumada com suas galinhagens e não dou a mínima — abano a mão com indiferença. — Além do mais, tive uma noite muito divertida com o Lysandre. 

  — Lysandre? — sua expressão muda rapidamente. — O que aconteceu com o outro? 

  — Nós fomos ao parque de diversões e encontramos o Lysandre lá. Andamos juntos na roda gigante, nós dois — sorrio. — Ele segurou minha mão o tempo todo, um fofo. Deveria aprender com ele a como tratar uma dama. 

  Castiel franze as sobrancelhas e suas narinas se dilatam por um instante, sua clássica expressão de raiva. Meu sorriso aumenta; me sinto satisfeita por virar a situação. Ele veio me azucrinar, mas dois podem jogar esse jogo. Posso não ser imune às provocações do Castiel, porém ele também não é imune às minhas. Ele dá um passo a frente. Recuo, batendo as costas no armário. 

  — Sei muito bem como tratar uma dama, garotinha. 

  — Duvido muito. Você é um cafajeste de primeira. 

  — Está enganada — ele bota uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, mantendo a mão apoiada na lateral da minha cabeça. Seu olhar seca minha garganta e faz o sangue subir para as minhas bochechas. — Eu não engano nem iludo ninguém, Greene. As garotas com quem fico querem a mesma coisa que eu: um momento de diversão. 

  — Até parece... 

  — Não acredita? — sua mão desce para a lateral do meu pescoço, o polegar passando pelo meu lábio inferior e queixo. — Quer que eu te prove que posso ser um perfeito... cavalheiro? Ouso até dizer que posso ser mais cortês que seu querido Lysandre Frey. 

  — Pff, não me faça rir — tento não parecer desconcertada por conta de sua proximidade. — Você nunca conseguiria ser mais cortês que o Lysandre. Ele é um doce e você é um grosso. 

  — Ah, mas eu também posso ser um doce — sorri. — Não deveria desdenhar antes de experimentar.

  Perco o ar por um segundo quando seu polegar volta a acariciar meus lábio inferior. Não acredito que meu corpo está reagindo dessa forma novamente. O que há de errado comigo? Aposto que é assim que ele seduz todas as suas peguetes, hipnotizando-as como uma serpente hipnotiza suas presas. Me recuso, definitivamente não cairei em suas armadilhas. Não que ele queira isso. Castiel está apenas me provocando, testando minha paciência. Sei muito bem com que tipo de garota ele costuma sair e eu não me encaixo no padrão. 

  — Pode esquecer — afasto sua mão. — Não faço caridade. 

  — Mas ainda temos a aposta. 

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