ARIANE (4)

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 17 de setembro, quarta-feira ] 








  Até pouco tempo atrás minha maior referência de beleza e elegância era Hwang Hyunjin. Ele continua sendo magnífico, é claro, porém Lysandre Frey ocupou sua posição de primeiro lugar na minha lista pessoal. O modo como sua roupa está sempre perfeitamente alinhada, como todos os fios de cabelo cinzento ficam no lugar, seu jeito confiante e tranquilo de falar e agir, até mesmo a forma como ele toma chá... Tudo parece incrivelmente harmonioso e charmoso e perfeito. Ainda parece impossível que esse garoto seja real. Lysandre é como a personificação de um belo poema de amor. Sentado ali, escrevendo em um bloco de notas enquanto saboreia uma xícara de chá, ele parece o próprio senhor Darcy. 

  — Se quer que a paixonite seja secreta, é melhor parar de babar no balcão — Keith provoca, passando por trás de mim. Ele vai até a vitrine e pega dois cupcakes red velvet. 

  Me recomponho rapidamente. Não tinha notado que o observava descaradamente com a cabeça apoiada na mão, como uma maluca apaixonada. Fico vermelha. Para disfarçar, pego a flanela e finjo que estou limpando o tampo de madeira azul turquesa. 

  — Deveria investir, Arianinha. Não se acha um cara desses todos os dias. 

  — Pff, até parece. Como se eu tivesse alguma chance. 

  — Por que não teria? Você é bonita, educada, divertida... Tem que parar de se subestimar tanto. 

  — Talvez você tenha razão, mas olha para ele — indico o Lysandre com um gesto de mãos. — Aquele garoto é inalcançável, ele está em um patamar muito mais alto. 

  — Em que você mesma o colocou, amorzinho — ele fala como se eu fosse uma criança. — O que pretende fazer? Observar de longe até alguma garota mais corajosa tomar uma atitude, então sofrer de coração partido enquanto o vê feliz com outra? 

  — Você faz parecer uma má ideia — encolho os ombros. — Eu sou covarde, tá legal? Tenho medo de arriscar, não ser recíproco e as coisas ficarem estranhas. Eu morreria de vergonha. 

  — Uma pequena rejeição pode doer, mas não é o fim do mundo. Todos passam por isso em algum momento, não há porque se envergonhar. O importante é: quem não chora, não mama. Se quer mamar, Ari, precisa dar uma choradinha — Keith desfere tapinhas carinhosos no meu ombro e se afasta. 

  Foi um conselho bom e esquisito. Volto a olhar para o Lysandre e a parte do " mamar " me vem à mente por um instante. Balanço a cabeça. É melhor não seguir pelo caminho dos pensamentos sujos. Parece até errado, na verdade, ter pensamentos desse tipo sobre alguém que parece tão puro. De repente, Lysandre levanta a cabeça e nossos olhares se encontram. Desvio a atenção rapidamente, mas é tarde demais para disfarçar, então volto a olhá-lo. Ele sorri e pede para que eu me aproxime, o que faço com os mesmos passos nervosos de sempre. Minhas pernas sempre ficam trêmulas e meu estômago, agitado, quando interagimos. 

  — P-posso ajudá-lo? — me chuto mentalmente por gaguejar. 

  — Não precisa de tanta formalidade — seu sorriso aumenta. — Poderia me trazer outra xícara de chá, por favor? E alguns biscoitos de canela, se não for incomodar. 

  Ai, caramba, acho que derreterei e virarei uma poça de arco-íris e coraçõezinhos. Como alguém pode ser tão amável? O pequeno sino dourado toca quando a porta da lanchonete se abre. Respiro fundo enquanto Castiel Chase caminha entre as mesas e se senta junto ao Lysandre, frente a frente. 

  — Que bom que já está aqui, seu atendimento está melhorando — ele exibe um sorriso provocador. — Quero um café sem açúcar e um donut com glacê. Tente trazer o café ainda quente dessa vez, por favor. 

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