ARIANE (16)

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( 13 de outubro, terça-feira ) 





  
  — Certo, agora passe esse número para cá — Castiel indica no caderno o local ordenado. Sigo seu comando. — Muito bem, garotinha, finalmente algum progresso. Me agradeça! Graças a mim você está uns 3% menos tapada. 

  — Vou enfiar esse lápis na sua mão, que tal? 

  — Esse misto de gentileza e hostilidade é sempre interessante de ser assistido — Lysandre solta um risinho leve, retirando os fones. Em vez de ler, hoje ele está trabalhando em uma música. — Vou ao banheiro. Tentem não se matar na minha ausência. 

  — Não prometo nada — reviro os olhos. 

  Castiel mal espera Lysandre sair da cozinha, antes de virar minha cabeça gentilmente pelo queixo e me beijar. Retribuo por um segundo e me afasto. 

  — Ficou doido? — sussurro. — Aceitei esse lance de amizade colorida desde que ninguém soubesse, muito menos o Lysandre. Minhas chances com ele já são mínimas; irão a zero se ele souber que estou metida nisso com você. 

  — Relaxa, garotinha. 

  Castiel afasta meu cabelo e beija o ponto logo abaixo da minha orelha. Solto um gemido involuntário e um suspiro trêmulo. É a primeira vez que alguém me beija ali, e é perigoso. Quanto mais sua língua desliza sobre minha pele, mais meus batimentos aumentam, meu corpo esquenta e uma excitação cresce na boca do meu estômago e lateja entre minhas pernas. Não é à toa que ele consegue dormir com tantas garotas. Castiel sabe quais botões apertar. 

  — Nós só passamos uns cinco minutos juntos ontem — ele diz. — Me deixe aproveitar os pequenos momentos. 

  — Cuidado, está soando meio meloso. 

  — Não tem nada a ver. Eu só gosto de te beijar. 

  — Por que? Nem tenho tanta prática. 

  — Então, é um talento natural — seus beijos voltam para a minha boca. — Não fui seu primeiro beijo, fui? 

  — Não. 

  — Quais os outros nomes na lista? 

  — Quer mesmo saber? 

  — Não, agora não. 

  Castiel enterra as mãos no meu cabelo e se concentra apenas em me beijar. Passei o domingo todo e grande parte da segunda-feira pensando em sua proposta, pesando os prós e os contras. Prós: ele beija bem, terei alguém a disposição bem ao lado de casa, não estarei mais 100% jogada às traças. Contras: é o Castiel. Os prós ganharam. O procurei ontem à noite, e a primeira coisa que ele fez quando aceitei a proposta foi me dar um beijo no maior estilo fim de filme romântico. 

  — Tá legal, já chega — o afasto gentilmente. — Lysandre pode voltar a qualquer segundo. 

  Castiel revira os olhos e me beija uma última vez. Nos ajeitamos rapidamente nas cadeiras quando Lysandre retorna. Ele para do outro lado da mesa e nos observa com curiosidade. 

  — Está tudo bem? 

  — Sim — Castiel dá de ombros. — Por que a pergunta? 

  — Não sei, parece haver algo estranho no ar... 

  — Nada estranho, senhor Místico, está tudo bem. Quer ler minha mão para ter certeza? 

  Lysandre faz uma careta como quem diz " há há " e volta a trabalhar na música. Mordo o lábio. Ele notou que tem algo rolando, só espero que não desconfie do que seja. Castiel continua a explicar a matéria, porém minha concentração vai por água abaixo quando o sinto tocar minha coxa. Afasto sua mão e ele volta a colocá-la — ficamos nessa disputa sob a mesa por um minuto, fazendo o possível para que Lysandre não perceba. O problema não é o toque, só não quero que Castiel pense que nosso lance passará dos beijos. Posso ter mordido a língua em relação a isso, mas definitivamente não dormirei com ele. 

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