ARIANE (18)

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[ 17 de outubro, sábado ] 





  
  Keith está todo descabelado e desgrenhado quando abre a porta. Ele boceja como um leão, coça os olhos e me olha com cara de poucos amigos. 

  — Sabia que você fica muito fofo depois de acordar? 

  — Sabia que são oito e meia de um sábado? — retruca. — Eu te amo, minha rainha, mas é bom me dar um excelente motivo para não bater a porta na sua cara e voltar para a cama. 

  — Eu trouxe café e muffins de blueberry — mostro os copos e a sacola, exibindo o sorriso mais amável que consigo. — E você é meu melhor amigo, extremamente maravilhoso, lindo e amável. 

  Keith esfrega o queixo com o indicador e o polegar, pensativo. 

  — Muffins de blueberry e bajulação, meus pontos fracos. Muito bem, pode entrar. 

  Ele abre mais a porta e me deixa passar. É a primeira vez que venho ao apartamento do Keith, embora tenha o endereço há um tempo. O lugar parece mais um dormitório; o banheiro e o quarto são separados, mas a cozinha e a sala dividem o mesmo ambiente. Há roupas e sapatos jogados pelo chão e sofá, embalagens de comida na mesa e louça suja na pia. Chuto um pé de meia sujo para fora do caminho. 

  — Seja bem-vinda ao meu palácio! O que achou? 

  — É bem... masculino. 

  — Pode deixar as coisas na mesa. 

  — Claro, se eu conseguir encontrar — provoco. 

  — Muito engraçado — ele se apressa para recolher as embalagens e jogá-las no lixo, que já está cheio. — Se tivesse me avisado que viria, eu teria arrumado tudo. Enfim, a que devo o prazer da sua visita? 

  — Uma garota não pode fazer uma surpresa de café da manhã para o amigo sem motivos? 

  Ambos nos sentamos à mesa, um de frente para o outro, e Keith não perde tempo em atacar os muffins. 

  — Claro que pode, mas não subestime minha inteligência, Arianinha. Sou cinco anos mais velho e, consequentemente, cinco anos mais sábio. Estou a frente do meu tempo — ele morde o bolinho e continua entre mastigadas: — Está rolando alguma coisa. Conta para o bom e velho Keith, vai. 

  — Tá legal — suspiro. — Minha irmã foi num encontro com o Lysandre ontem. Sei que ela vai querer me contar como foi, então fingi que estava dormindo quando ela chegou ontem e saí de casa antes que ela acordasse. 

  — Puxa, Ari, que droga... Sinto muito. Então, Lysandre realmente gosta dela. 

  — É o que parece... Mas não foi só isso o que aconteceu. Estive na casa do Castiel ontem à noite e... ele me pediu em namoro. 

  Keith se engasga com o café. Assisto com as sobrancelhas franzidas enquanto ele desfere socos no próprio peito para tentar se recuperar. Ser amiga do Keith é como estar numa sitcom. Quem mais reagiria dessa forma? 

  — Foi mal, isso me pegou cem por cento desprevenido — funga. — Pô, então as coisas não estão tão ruins! Você já sabia que o Lysandre não gosta de você, mas, em contra partida, o Castiel está amarradão. Na minha opinião, ele tem muito mais a ver contigo. O que respondeu? 

  — Nada, a mãe dele ligou e eu fugi. Fala sério, Keith, não tem nada a ver — bufo. — Castiel e eu só estamos ficando há uns cinco dias. É verdade que estamos nos dando bem melhor, mas não estou apaixonada. Aposto que ele também não está; só quer namorar para esquecer a garota que não quer nada com ele ou sei lá. Ou estava curtindo com a minha cara. 

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