ARIANE (17)

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( 16 de outubro, sexta-feira ) 




  

  Passei os últimos três dias pensando no que Castiel disse — entre outras coisas, é claro. Ainda não me decidi se ele tem razão ou não. É verdade que conheço Lysandre há pouco tempo, mas ele conhece minha irmã há menos tempo ainda! Minhas chances são baixas, porém não são nulas. Além do mais, considerando a hipótese de eu me apaixonar por outro cara, quem seria? Não o Castiel, é claro. Ele mesmo disse que está a fim de uma garota e, embora ela não retribua, seria como trocar seis por meia dúzia. Talvez eu deva esquecer essa história de paixão e focar em outras coisas; meu hobby de fotografia, por exemplo, ou a faculdade. 

  Abro a porta do carro e saio para o ar frio do estacionamento. Minhas pernas, cobertas apenas pelas meias 7/8 brancas, ficam arrepiadas. Felizmente, o interior da lanchonete é aquecido. Enfio o celular e a chave do carro na bolsa antes de abrir a porta. Paro na soleira, segurando o riso. Keith está no meio de uma dança lenta com o esfregão ao som de Head Over Heels. Fecho a porta, deixo minhas coisas sobre o sofá vermelho de umas das mesas da janela e me aproximo, cutucando seu ombro. Ele abre os olhos, levemente assustado. 

  — Você está bem? — pergunto, rindo. 

  — Estou ótimo, Arianinha, ótimo! — responde com empolgação. — É sexta-feira! Finalmente! 

  — Por isso estava dançando coladinho com o esfregão? 

  — É, mas agora que você chegou... — ele afasta o esfregão e faz uma reverência. — Me daria a honra dessa dança, milady? 

  Rio outra vez, retribuindo a reverência. 

  — É claro, gentil senhor. 

  Com a mão direita seguro a mão do Keith e a outra apóio em seu ombro, ao passo que ele segura minha cintura. Não levo muito jeito para dança, mas essa consiste apenas em se balançar no lugar, então é fácil. 

  — Quais os planos pro fim de semana? Está tão animado, aposto que vai encontrar algum rabo de saia. 

  — Não, gatinha, não precisa ficar com ciúmes — provoca. — Na verdade, marquei um rolê com o Leigh. 

  — Leigh? — arqueio as sobrancelhas. — Leigh, irmão do Lysandre? Leigh Frey? 

  — Por que a surpresa? 

  — Sei lá — dou de ombros. — É que o Leigh é todo sofisticado, elegante e você é... Bom, você. 

  — O que quer dizer com isso? — ele cutuca minha costela, me fazendo saltitar para trás. Voltamos a dançar em seguida. — A gente fez amizade na noite do karaokê. O cara é maneiro, mas age como um CEO de quarenta e cinco anos — estala a língua. — Disse que é porque tem que conviver com muitos caras dessa idade, mundo dos negócios e tal. Estou fazendo um favor, Arianinha, levando um pouco de diversão para a vida daquele coitado. 

  — Não vá metê-lo em problemas, por favor. 

  — Até parece que sou um encrenqueiro — bufa. — E você, hein? Aposto que vai passar o fim de semana inteiro se atracando com seu ruivo pesadelo. 

  — Nada a ver — balanço a cabeça. — Bendita hora em que você viu a gente se beijando, aposto que nunca vai esquecer. 

  — E nem vou deixar que você se esqueça — sorri. — Qual é, vocês ficam bem juntos. Formam um belo casal. 

  — Acontece que não somos um casal. 

  — Oh, sim, deu pra notar enquanto ele enfiava a língua na sua garganta. 

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