ARIANE (15)

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( 11 de outubro, sábado ) 








  Ariana está parada no corredor quando abro a porta do banheiro, tal qual uma psicopata de filme de terror. Levo um susto e a toalha enrolada em meu cabelo quase cai. 

  — Quer me matar? — esbravejo, botando a mão no peito. — Por que está parada aí? 

  — Por que a jaqueta do Castiel estava no seu quarto? — ela estreita os olhos e exibe a jaqueta em questão, que está em sua mão. 

  — Como sabe que é do Castiel? 

  Será que ele já a emprestou para a minha irmã também? 

  — Já o vi com ela várias vezes. E então? Vocês estavam juntos ontem? A história do ensaio foi só uma desculpa? Ele entrou no seu quarto pela janela e esqueceu a jaqueta lá? Eu sempre digo que o Castiel está a fim de você, irmãzinha. 

  — Não é nada disso — vou para o meu quarto, sendo seguida de perto. — Castiel me ofereceu uma carona até a casa do Lysandre porque também ia para lá. Ele me deu a jaqueta na volta porque estava mais frio, vou devolvê-la hoje. E ele não está a fim de mim, Ana. Ontem ele admitiu estar apaixonado por outra pessoa. 

  Penduro a toalha molhada atrás da porta e vou até a cômoda. Passo um óleo capilar e penteio o cabelo com minha escova azul dos Ursinhos Carinhosos. Pode ser meio infantil, mas amo coisas de personagens. Tenho três calcinhas das Meninas Superpoderosas — uma da Lindinha, uma da Florzinha e uma da Docinho. E daí? Ninguém vai ver mesmo. 

  — Não brinca! — Ana se senta na cama. — E quem é a garota? 

  — Não sei. Castiel só disse que é uma garota super bonita e que não quer nada com ele. Falou que eu nunca adivinharia. 

  — Porque é você. 

  — Não sou eu — digo pausadamente. — Talvez seja você. 

  — Está brincando? Eu não fico atrás do Castiel, mas se soubesse que ele tem qualquer tipo de interesse em mim, pularia na cama dele rapidinho. 

  — Sei — resmungo. 

  — Fala sério, Ari, nós duas sabemos como as garotas se atiram para cima do Castiel. Viu como minhas amigas ficaram naquele dia? Se existe uma garota que não quer nada com ele, essa garota é você. 

  — Nós moramos em uma cidade grande — deixo a escova de cabelo sobre a cômoda outra vez. — Não posso ser a única garota sensata, que não cai na conversa furada dele. 

  — Ahá! Então Castiel dá em cima de você. 

  — Não! Castiel não dá em cima de mim, você sabe exatamente como ele age comigo. 

  — Sei, sim. Como um garotinho de dez anos, que implica com a garota que gosta porque não sabe lidar com o sentimento ou tem medo de contar. 

  — Me poupe, Ana — reviro os olhos. — Castiel não está a fim de mim, supera isso. Quer mais alguma coisa? 

  — Quero, sim — ela se levanta e vem até mim, segurando meus ombros. — Abriu um lugar novo na cidade, uma espécie de boate e lanchonete com karaokê. O que acha de irmos? Não diga não, Ari, faz tempo que não saímos juntas. Pode convidar seu amigo Lysandre, se quiser, e o Keith também. Quanto mais, melhor. 

  Hum, não é má ideia. Seria legal fazer algo com o Lysandre, além de ensaiar e de tê-lo como testemunha silenciosa. Foi tão divertido quando nos encontramos por acaso no parque, seria incrível repetir a dose. Posso convidar o Leigh também. Sei que ele é um adulto, mas terá uma companhia na mesma faixa etária se o Keith for. Não que Keith Hartwell possa ser considerado um adulto. Embora tenham apenas dois anos de diferença — 24 e 22 —, Leigh é muito diferente. 

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