ARIANE (11)

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( 04 de outubro, sábado ) 






  Mordo o lábio ansiosamente enquanto espero que atendam a porta. Passei um bom tempo me arrumando porque queria ficar bonita para o Lysandre, porém não queria que ele pensasse que eu queria ficar bonita para ele. Enfim compreendo o dilema de Bryce Loski; o amor secreto é um lance complicado. Se Lysandre soubesse o que sinto e sentisse o mesmo, poderia fazer esse tipo de coisa abertamente. Poderia dizer que botei mais esforço na aparência e perguntar se ele gostou. Depois de breves minutos, quem abre a porta é o Leigh. Ele está arrumado e cheiroso e parece pronto para sair, um casaco cinza pendurado no braço e a chave do carro na mão. 

  — Ariane, que prazer — cumprimenta. — Me perdoe por não poder recepcioná-la propriamente, mas estou atrasado para um compromisso importante. Por favor, entre e fique à vontade. Encontrará meu irmão na sala de estar acompanhado de um amigo. 

  — Um amigo? — franzo as sobrancelhas. — Desculpe, mas qual amigo? 

  Por favor, que não seja o...

  — É um garoto de cabelos vermelhos, acho que se chama Cameron ou Cassian ou... 

  — Castiel? 

  — Isso mesmo! Um nome forte, não acha? Não se ouve muito por aí. Enfim, tenho que ir. Tenha uma boa noite. 

  Asseno para ele e adentro a casa, deixando os ombros caírem em desânimo. Não posso acreditar; Lysandre disse que Castiel não estaria aqui quando eu chegasse. Como se não bastasse ter passado tempo com ele duas vezes nessa semana. Achei que poderia ter um tempo agradável e a sós com meu querido garoto de olhos coloridos, uma recompensa depois das aulas de matemática obrigatórias, mas minhas esperanças foram por água abaixo. Droga de Castiel Chase e sua detestável mania de se meter no meu caminho. Será possível que passarei o resto da vida tendo meus planos frustrados por ele? 

  Estive aqui apenas uma vez, porém encontro a sala de estar sem grandes dificuldades. Lysandre cantarola, lendo o que suponho que seja a letra da música numa folha sulfite, enquanto Castiel guarda o violão na capa preta e fecha o zíper. O ruivo é o primeiro a notar minha presença, arrumando a postura e segurando a capa do instrumento pela alça. Nenhum de nós fala nada enquanto adentro mais o cômodo, mas nos olhamos nos olhos o tempo todo. É muito fácil manter contato visual com ele, por algum motivo que não compreendo. Lysandre levanta os olhos, parecendo levemente surpreso antes de sorrir. 

  — Oh, Ariane! Que bom que chegou. 

  — Oi — sorrio em resposta. — Encontrei seu irmão na entrada. Achei que seríamos só nós dois no ensaio. 

  — Não se preocupe, Greene, já estou de saída — Castiel diz em tom ácido. — Felizmente para você, tenho coisas melhores para fazer. 

  — Ótimo, assim minha noite de sábado não será um horror total. 

  — Pois é, pena que o Lysandre não pode dizer o mesmo. O coitadinho perderá uma companhia incrível e, em troca, terá que aturar você — seus olhos cinzentos me medem dos pés a cabeça. — Bela blusa, aliás. É nova? 

  — É, sim. 

  Fico surpresa por ele reparar. Castiel não parece ser do tipo que presta atenção nas roupas de alguém. 

  — Uma boa compra, faz seus peitos parecerem maiores. Dá a impressão de que há algo para apertar. 

  Inalo o ar ruidosamente pela boca, indignada diante de suas palavras e sorrisinho provocador. Suas piadas nem fazem sentido, meus seios são consideravelmente grandes — medianos, talvez. Cerro os punhos e desfiro um pisão bem forte em seu pé esquerdo. Castiel larga o violão, que cai no chão com um som oco, e se apóia num joelho. 

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