parâmetros.

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Anastasia

Termino de limpar o apartamento, estou exausta.
Eu achava que cuidar de pessoas o tempo todo cansava mas pelo visto uma faxina cansa bem mais.

Me jogo na cama, tudo está cheiroso eu lavei várias roupas e o cheiro do amaciante está por toda a casa.
Ainda uso os mesmos produtos de limpeza que a minha avó, eu amava quando ela lavava as roupas e deixava todas elas em cima da minha cama, o cheiro invadia minhas narinas e eu sentia vontade de cheirar as roupas para sempre.

A comida era melhor ainda, ela sempre cozinhava em datas comemorativas.

Eu não conheci minha mãe, mas conheci tios e primos
Mark era meu tio favorito, eu o considerava pai sempre ia para casa dele quando eu era criança, eu brincava com meu primo Dustin a tarde inteira e quando anoitecia eu voltava para a casa da minha avó.

As férias eram assim, até ele achar que era uma boa ideia me trancar no porão da casa dele e fazer o que fez.
Ele me fez tirar a roupa e passou a mão pelo meu corpo, ele fez coisas horriveis, passou aquele pau nojento no meu rosto e me fez inclinar... eu só tinha 9 anos, não entendia aquilo mas eu senti tão suja.
Contei para minha avó assim que cheguei em casa e ela me levou na delegacia.
Ele foi preso e Dustin me ameaçou por meses
Ele dizia que ia me torturar e me deixar agonizando no porão.

Dustin era apenas quatro anos mais velho que eu, não devia dizer aquelas coisas.
Eu era tão inocente que tentei conversar com ele, e foi a maior merda que eu fiz, ele me bateu tanto que eu fiquei dois meses internada, até hoje tenho uma cicatriz no pescoço e na testa, por isso uso franja e nunca corto meu cabelo. Para esconder.

Meu celular toca.
Olho e vejo que é Oliver, esse cretino disse três dias, não algumas horas.

- Eu ainda não pensei, ok? Não precisa insistir.

- Calma Ana, só liguei para saber como está.
A música no fundo da ligação é ensurdecedora.

- Estou ótimo, na verdade eu já estou deitada tentando dormir, mas você atrapalhou.-

- Tudo bem Ana, te conheço e sei que você quer se livrar de mim, então tudo bem, espero que durma bem Ana, eu te amo, e pense na minha proposta.

- Boa noite Oliver, eu te amo.- ele desliga a ligação e eu jogo o celular do outro lado da cama

Fico de bruços e afundo meu rosto no travesseiro.

Joseph.

Oliver finalmente chegou, ele pegou um copo de uísque e veio em minha direção

- Conversei com Ana, ela não está bem, vou arranjar uma ficha com todas as informações dela para você amanhã.

- Imagino que a resposta dela tenha sido não, eu também não aceitaria.

- Ana precisa vir para cá, ela negando ou não, eu vou trazê-la.

- O que ela tem de tão importante.

- Eu estudei com ela por cinco anos, éramos inseparáveis e quando eu voltei para Krasnoyark a vida dela desabou, eu tentei trazê-la mil vezes para cá mas ela ficava me ignorando e insistia em ficar lá. Mas agora acabou, não vou deixá-la ficar lá.

- O que fez você se cansar de deixar ela escolher o que quer?

- Você vai ler na ficha dela amanhã, prefiro que leia. - Ele se senta ao meu lado no divã. - Bom, porque não vai se divertir? Logo você estará casado e não vai ficar com nenhuma mulher até o prazo de um ano acabar.

- Olha, tá vendo aquela ali? Olhos claros e cabelos escuros?

- Vai ficar com ela?

- Vou apenas fazê-la achar que eu fiquei.

- Você nunca muda, sempre fazendo as garotas se acharem importantes e frustrarem ela.

- Não faço ninguém se sentir importante, mas confesso que ver os olhos delas brilharem por estar falando comigo é excitante.
Me levanto e caminho para o bar, onde a garota está.
Me sento só seu lado e peço uma dose dupla de vodka.
Ela me encara sem acreditar que eu estava ali.
Eu ignorei ela até ela começar a falar.

- Sr. Joseph, está tudo bem?

- Qual o motivo da pergunta?

- Está sentado do meu lado, e isso não é normal.

- Querida porque acha isso anormal? - Digo e me inclino em sua direção. - Acha que você não é suficiente?

- Você é o chefão. - Ela ri de uma forma sem graça. - o chefão não fica perto de suas serviçais.

- Não pense assim, não se diminua. - bebo a primeira dose. - você é nova veio de onde?

Passei mais de meia hora conversando com Ella, esse é seu nome.
Ela está bêbada sentada no sofá do escritório, está balbuciando palavras que não consigo entender.
Estou em pé admirando a vista enquanto ela tagarela sem parar.

Sei que amanhã todas as meninas que trabalham aqui vão saber que transamos, mas na verdade apenas bebemos e conversamos.
O plano é esse, fazê-la beber o suficiente para não se lembrar de nada, trazê-la aqui e ir embora.

E assim faço, saio do escritório e vou para casa.

Você Me Consome ( EM ANDAMENTO)Onde histórias criam vida. Descubra agora