Anastásia
Acordei com um acesso no pulso.
Me sinto sóbria agora.Erica esta com um prontuário nas mãos em pé de costas para mim.
Olho para o monitor cardíaco e o observo por alguns segundos.
- Ana! Que bom que acordou, estou feliz que esta bem. Tivemos que fazer uma lavagem gástrica, voce estava sob efeito de paroxetina.
- Eu sei o que eu tomei, só não imaginava que me afetaria tanto.
- O chefe pediu que eu o chamasse assim que você acordasse, com licença.- Ela sai do quarto.
Olho para as paredes, aparelhos e teto, nada aqui tem cor, imagino os pensamentos que minha babushka tinha quando estava em um quarto como esse.
Ela morreu enquanto eu trabalhava, talvez isso tenha me desestabilizado
Eu não pude me despedir.
Não pude dizer mais uma vez o quanto eu a amava e isso me dói desde o ocorridoMiranda me criou em uma casa simples e sem graça em Tolyatti.
Minha mãe era uma adolescente rebelde e depois que eu nasci ela fugiu com o meu pai, eles ficaram ricos.
Ela me mandava presente e quantias pequenas em dinheiro em datas comemorativas.
Ela queria mostrar ser presente mesmo não sendo.
Nunca os vi pessoalmente, apenas vi uma foto da minha mãe na época em que engravidou.
Ela não era ruiva, era loira.
Seus cabelos pareciam macarrão, iam até a altura da cintura e ela tinha uma franja linda.
Seu corpo era maduro, ela parecia uma mulher de vinte e cinco anos mesmo tendo quinze.
Eu amava admirar aquela foto, me fazia sentir perto dela.Quando chamei Miranda de mama pela primeira vez ela chorou, chorou como uma criança.
Meu amor por ela era incondicional, eu faria tudo por ela.Comecei na faculdade de medicina com dezoito anos.
Terminei com vinte e três.
E foi aí que meu mundo começou a desabar..Minha avó fez um exame de rotina que descobriu um carcinoma nos seios.
Ela demorou alguns meses para me contar, e quando contou ela já estava morrendo.
Trabalhei dobrado para pagar o tratamento, eu pegava os plantões de alguns amigos para poder receber melhor.
Mas não adiantou.
Ela morreu às 4h38 da manhã, metástase.
O câncer se espalhou pelo corpo.Eu nunca chorei tanto quanto naquele dia, nunca me senti tão sozinha e abandonada.
Demorei dias para voltar a trabalhar, e quando voltei cometi vários erros
Deixei pacientes sem remédios, fiz diagnósticos errados, mas nunca causei a morte de ninguém.
E agora por alguns mg eu matei um paciente.Dalton entra e fecha a porta tirando minha atenção do quatro depressivo que me faz ter devaneios profundos.
- Bom, sei que não está em condições mas assim que receber alta, você vai assinar uma suspensão. A senhora Childreen, decidiu processar o hospital e eu consegui um acordo. Vou te afastar por um tempo. - Ele põe os braços atrás do corpo - No mínimo um ano e seis meses, você precisa se cuidar, se recuperar da sua loucura.
- Eu não sou louca Dalton, eu só estou vulnerável.
- Não preciso ouvir você agora, você já fodeu o suficiente com essa porra de hospital, você acha que só você tem problemas pra ficar se dopando e vindo trabalhar? Vá se foder, eu cansei de você. Some sua vadia maluca..- ele sai da sala e bate a porta atrás de si violentamente.
Estou em choque.
Dalton sempre foi um chefe ruim, mas nunca imaginei que ele me xingaria, não dessa forma e não por esse motivo.
Dalton também foi afastado quando tentou estrangular uma paciente em um Hospital de Perm.
Não sei o que aconteceu para ele ser aceito novamente depois de uns anos.Meus olhos se enchem mais uma vez, escorrem e me deixam cada vez mais seca.
Suspensa? Eu vou me sustentar como?
Merda Anastásia, como você pode ser tão burra?
Eu arranquei o acesso do meu pulso e me levantei, peguei minhas roupas que estavam na cadeira e e me troquei
Agarrei a alça da minha bolsa e sai do quarto, pisei fundo no chão até sair do hospital.Entro no Lada Niva que a minha avó me deu e dou partida para meu apartamento.
Moro em um prédio na parte pobre de Roshal.
Estaciono e subo furiosa para meu apartamento.
Estou com muita raiva de Dalton, muita raiva de mim.
Droga
Droga!Entro, bato a porta e vou para o meu quarto.
Fico de frente ao espelho.- Sua burra!!!- esmurro o espelho, uma, duas, três...
Meu sangue escorre pelas costas da minha mão, pelos meus pulsos.
Choro mais uma vez, estou cansada de tudo.
Cai no chão, sentada.
Ponho as mãos no meu rosto e choro desesperadamente.Estou quase cortando meu pescoço com o vidro do espelho, quando alguém, um anjo bate na porta.
Largo o vidro e enrolo um pano em volta das minhas mãos.Me levanto e caminho até a porta
Abro o suficiente apenas para que a pessoa do lado de fora veja meu rosto.- Olá... - Oliver, meu amigo de escola - meu Deus..
Abro a porta e o agarro, abraço ele tão forte que sinto seus ossos.
- Merda Ana! Que porra é essa no seu pescoço?- ele puxa minhas mãos que ainda estão em volta dele e as examina. - Merda.- Ele me induz a entrar no apartamento e fecha a porta.
Não sei o que dizer, nem o que fazer.
- Oliver, me desculpe, foi um deslize.
- Esta bebendo de novo? Se drogando? Ana que merda foi essa?
- Você sabe do meu problema, foram os antidepressivos..
- Puta merda, eu pedi pra você morar comigo, pedi para que fugisse dessa droga de cidade.
- Eu não posso só fugir, não posso só largar meu emprego... Eu fui afastada..
- Conta o que tá acontecendo direito...
Passamos horas ali, conversando sobre o meu grande problema.
Eu já não tinha Lágrimas para deixar cair, apenas o choro engasgado na minha garganta.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Você Me Consome ( EM ANDAMENTO)
RomanceJoseph Koriv perdeu a cabeça depois de sua noiva desaparecer em um acidente de avião, ele prometeu nunca mais se envolver emocionalmente com nenhuma mulher. Cinco anos depois ele tem que se casar para assumir o cargo de Don da Bravta. Oliver apresen...