Capítulo Dez.

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Aos poucos, sua visão retomava o foco.

A dor foi o primeiro tato que teve ao se ver consciente.

Mesmo ofegante, Husk tentava ignorar a lasca de madeira atravessada na região de sua clavícula. Também fingia não perceber a lesão em sua asa quebrada e parcialmente presa abaixo de uma parede destroçada.

Sequer sabia onde estava, no entanto, tinha o conhecimento de que havia muitos escombros acima de si que poderiam, simplesmente, despencar à qualquer mínimo movimento, principalmente consigo, visto que uma de suas asas estava soterrada sob aquelas ruínas.

Naquele estado, Husk não conseguia se mover. Ele não podia, na verdade.

No entanto, dado as circunstâncias, a adrenalina que corria por suas veias minimizava seus ferimentos.

Foda-se. Estava mesmo todo quebrado, mas, não podia dar atenção ao seu corpo agora.

Não enquanto aquele demônio presente em seu campo de visão, não levantasse. Husk não sabia se ele estava vivo ou não, mas, clamava aos céus que estivesse.

Mesmo com a voz rouca, quebrada e sôfrega, ele chamou.

Não houve resposta.

E ele tornou a chamar.

Mas, para o seu mais completo desespero, Angel não se movia.

Husk tentava deixar qualquer pensamento pessimista acerca do demônio-aranha bem longe de sua cabeça a qualquer custo.

Queria, com todas as forças, socorrê-lo, tê-lo à salvo em seus braços.

Ansiava para que Angel levantasse de vez e fizesse alguma piadinha imbecil sobre como ficou preocupado consigo.

Porque ele realmente estava!

Mas, não importava quanto tempo se passasse...

Anthony não acordava.

~
- MERDA! - Vociferou, socando, mais uma vez, aquele barreira escura - ARGH!

Ele pensava, pensava e pensava!

Mas, nada surgia.

Seus pensamentos perdiam, constantemente, sua linha de raciocínio por conta da pressa que sentia em sair daquele buraco.

Geralmente, costumava se sentir confortável em meio à escuridão. Alastor sempre teve as sombras presentes em sua vida, e até mesmo depois dela. No entanto, era incomum estar tão incomodado assim com o breu do qual seu escudo lhe proporcionava, naquele momento.

Alastor precisava de idéias. Precisava de clareza, luz em sua mente para que pudesse se acalmar e projetar um plano efetivo para que conseguisse sair daquele cubículo com vida. Todavia, não importava o quanto pensasse, seu poder estava quase se esgotando, seu tempo estava no fim e todos os seus planos sempre chegavam ao mesmo resultado; seria esmagado pelos destroços.

Lúcifer precisava de si.

Deveria protegê-lo, não ficar parado sem fazer absolutamente nada!

Odiava aquela sensação de impotência.

Não existia, absolutamente, nada sob seu controle naquele momento. Nem mesmo seu costumeiro sorriso que, há muito, havia se esvaído de seu rosto.

Esse seria o fim do Demônio do Rádio?

Soterrado em meio à um desabamento!?

Um fim tão... Enfadonho, para alguém cujo nome ressoava até nos céus.

Minutos silenciosos se passaram dentro daquela pseudo-cápsula. Os pensamentos do demônio estavam conturbados e emaranhados ao mesmo tempo em que sentia seu coração pulsar, de forma descontrolada, em seu peito. Nada parecia coerente em sua cabeça.

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