Capítulo Sete.

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Lúcifer adorava banhos.

Não tinha coisa melhor do que sentir a água quente chocando-se contra sua pele em uma noite fria.

Em contrapartida, as águas eram incapazes de levar todos os seus problemas e preocupações para o ralo, como ele gostaria.

Enrolando-se em uma toalha, Lúcifer saiu do banheiro, dando de cara com o quarto desarrumado de Alastor.

Isso era incomum. O quarto do demônio era frequentemente limpo e organizado pelo mesmo, todavia, o loirinho espantou-se quando chegou e viu a zona em que aquele cômodo estava.

E não havia nenhum sinal do Demônio do Rádio.

Após secar-se e trajar suas vestes costumeiras, o loiro deitou-se na cama, desejando apagar e se esquecer de todos aqueles contratempos, adversidades e obstáculos presentes em sua vida.

Um dia de paz, era pedir muito?

- Precisamos conversar.

O loirinho se sobressaltou com a voz repentina de Alastor.

Procurando ao seu redor, Lúcifer enxergou seu namorado de braços cruzados e recostado na parede do canto mais escuro do quarto. Parecia uma entidade.

Ou um encosto.

- Onde esteve!? - Inquiriu o baixinho furioso.

- Enquanto você estava batendo papo com aquela chifruda... - Começou o demônio, desabotoando seu paletó, visto que o cheiro da bebida impregnado em suas vestes já começava a lhe incomodar - Soube de algumas informações trazidas por Rosie.

- Você desrespeitando Lilith dessa forma? - Questionou o loirinho arqueando uma das sobrancelhas - Aconteceu alguma coisa? Ou... Isso é ciúmes, Al?

- O que senti ou não, é irrelevante agora. - Contornou o demônio, retirando seu paletó - Precisamos tomar uma atitude. Quanto mais tempo se passa, mais você se torna vulnerável.

- O que quer dizer com isso!?

- Precisamos achar um lugar seguro para você. Pelo menos, até que nosso filho venha ao mundo. Em trinta dias certos Overlords vão atacar, e não posso deixar você e nosso filho em risco. - Esclareceu Alastor, despindo-se de sua camisa social vermelha, deixando aquelas variadas cicatrizes à mostra - Não precisa se preocupar, afinal, são apenas os Vees. Dou conta deles sozinho perante a sua ausência.

- Oh, já não bastam os céus...

- O que disse? - Suas orelhas se atentaram ao escutar a palavra "céus".

- Os anjos começarão um novo extermínio em trinta dias... - Se lamentou - E adivinha só por onde eles vão começar?

- Certo. Agora sim é motivo de preocupação! Devemos fugir. - Concluiu o demônio, aflito.

- E abandonar o sonho de Charlie!? De jeito nenhum!

- Podemos reconstruí-lo depois. Você é a minha prioridade agora.

- E a sua prioridade escolhe ficar. - Determinou Lúcifer, decidido - O Hazbin Hotel é uma força de resistência. Se o abandonarmos, o que dirão sobre Charlie? - Questionou em irritação - Já vencemos uma vez. E venceremos de novo!

- Da outra vez você não estava carregando uma criança no útero que eu nem sabia que você tinha!

- Como se uma gravidez fosse me impedir de ajudar a lutar pelo sonho da minha filha!

- Da outra vez, os demônios do seu próprio reino sequer cogitavam em atac-

- Eu vou ficar! - Decretou o loiro, com firmeza - E se você quiser fugir, se esconder e sumir por mais sete anos, a porta está aberta, Al.

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