Capítulo Treze.

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Ainda que dias, semanas e até mesmo meses se passassem, certas coisas não mudam.

E nunca vão mudar.

Aquela repentina explosão escarlate no interior do Hazbin Hotel, surpreendeu a todos os presentes que gritavam pelo susto, ou se abaixaram devido ao estrondo.

Sr. Pentious se permitiu um momento de indignação ao perceber todas as cabeças voltadas para si com atenção e cautela, apesar da explosão não ter vindo de sua direção. (Ou de suas invenções maquinárias).

Quando finalmente perceberam que o estouro não era por parte do ex-anjo serpente, todos voltaram seus olhares horrorizados para o centro do saguão onde, anteriormente, o pequeno Príncipe Infernal brincava.

- Eu avisei. - Adversou o Demônio do Rádio, folheando, sem pressa, a próxima página de seu livro de Voodo enquanto sentia Lúcifer pular do sofá para socorrer seu descendente.

- Duck? Duck!? Filho? - Chamava o loiro, que logo se tranquilizou ao ouvir sonoras gargalhadas infantis do pequeno príncipe que segurava um pequeno objeto em formato de bola densa e com uma caveira estampada em seu diâmetro - Oh, Duck!

Lúcifer rapidamente abraçou o pequeno, averiguando se havia algum ferimento no mesmo.

- Ei, as minhas bombas! - Exclamava Cherry Bomb com um misto de indignação e descrença - Isso não é coisa para criança!

- E como eu iria saber? Ele me pediu! - Defendeu-se Lúcifer, pegando seu filho no colo ao mesmo tempo em que se lembrava das diversas advertências de Alastor sobre deixar o pequeno brincar com objetos de procedência duvidosa e altamente inflamáveis.

- Você não deveria ter dado! - Insistiu Cherry, tomando as bombas da mão do pequeno, que imediatamente demonstrou um semblante triste ao ter seus brinquedos explosivos tirados de si.

- E como eu nego um pedido dele? Olha pra ele! - Mandou o loiro, apontando para a feição de aborrecimento e tristeza de Duck - Devolve!

- De jeito nenhum! - Negou Cherry, recebendo a concordância imediata de Charlie e Vaggie que observavam por perto.

Lágrimas se formaram nos cantos das orbes douradas do pequeno.

Ele precisava brincar!

Mas, não queria um brinquedo qualquer.

Duck necessitava daquelas bolas explosivas que Cherry tomou de si, caso contrário, não poderia controlar as lágrimas grossas e soluços persistentes enquanto mantinha sua cabeça enterrada nas vestes do loiro.

- O-oh, céus! - Embora já tivesse muita experiência como pai, Lúcifer ainda não podia deixar de se desesperar com o choro angustiado do seu filhote.

Droga!

O que faria!?

Cherry estava certa. Bombas não são para crianças!

Mas...

Mas o Duck queria!

- Ei, que tal uma voltinha, pequenino? - Interfiriu Alastor, tomando a atenção de seu primogênito que, de imediato, atentou suas orelhinhas com a idéia.

Duck adorava passear, afinal, sempre voltavam com um brinquedo novo, (geralmente patinhos), após o passeio.

- Vamos passear ao anoitecer, que tal, Duck? - Questionava o Demônio do Rádio, pegando seu primogênito no colo e lançando um último olhar afiado para o loirinho - Até porque, hoje é um dia, deveras, especial...

~
O tempo nunca foi seu melhor amigo.

Desde o dia em que delimitou sua morte, e desde quando o condenou à mais chata e tediosa eternidade naquele buraco quente, nutrido das coisas mais ruins que o mundo terreno poderia oferecer, mais conhecido como "inferno".

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