Capítulo Onze.

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Lúcifer sentia muita dor.

Haviam se passado apenas algumas horas desde a iniciação do trabalho de parto, no entanto, aquela dor parecia eterna.

Embora obtivesse vagas lembranças de seres angelicais injetando agulhas em seu corpo, o Anjo Caído não sabia ao certo o que havia acontecido.

A única coisa da qual o loiro tinha certeza, era de que; não estava mais no inferno.

Aqueles objetos dourados e reluzentes. Aquela luz forte que parecia queimar sua retina. Os equipamentos avançados de ginecologia que estavam posicionados ao lado de sua maca macia. O silêncio e a calmaria em que aquela ala médica lhe proporcionava. Tudo isso, não existia no inferno.

Por outro lado, os grilhões dourados presentes em seus pulsos o ofendiam. Achavam mesmo que algemas simples poderiam contê-lo? Quanta burrice!

- Vejo que acordou, majestade. - A voz fria de Sera tomou sua atenção.

- Quem você... Acha que é para tentar me prender nessas tralhas!? - Questionou Lúcifer, balançando as correntes ao mesmo tempo em que tentava reprimir seus gemidos dolorosos.

- Se assim desejar, eu as retiro. - Ofereceu a Serafim, verificando o prontuário médico deixado na pequena mesa próxima da maca - Caso não tenha percebido, Lúcifer, você entrou em trabalho de parto. Portanto, no seu estado atual, sequer conseguirá emancipar sua forma demoníaca e muito menos lutar.

- Quer pagar para ver!? - Desafiou libertando seus olhos avermelhados, juntamente com seus chifres pontiagudos.

- Não deve se preocupar comigo, eu não sou mais uma ameaça para você. - Disse a morena, deixando o prontuário de lado e focando sua atenção no loirinho - Se eu soubesse disso, não teríamos investido contra o inferno.

- Do que você está falando!? - Inquiria Lúcifer, impaciente.

- Seu bebê já está, praticamente, morto.

- O-o quê!? - No primeiro instante, o loiro não compreendeu aquela resposta. No segundo, ele tentou reprimir mais um gemido sôfrego devido as contrações. Já no terceiro, Lúcifer arrebentou seus grilhões, direcionando olhares mortíferos para a Serafim.

Como ela ousou dizer uma atrocidade daquelas!?

Perante à fúria instável do Anjo Caído, Sera deu um passo para trás. Mas, de qualquer forma, seu rosto se permaneceu neutro.

- Já ouviu falar em Eritroblastose Fetal, Lúcifer? - Embora sua expressão permanecesse impassível, o sadismo se presenciava em suas orbes - Você mesmo está matando ele.

~
Chutes eram desferidos, de forma constante, em suas costelas.

- Acorda, estrupício fétido! - Ah, odiava aquela voz.

A voz do homem cujo foi o motivo de sua eterna escravidão perante ao Rei Infernal.

Uma voz filtrada...

Engasgando-se com seu próprio sangue, Azrael tossiu e cuspiu em direção ao solo. Seu tórax doía.

Na verdade, todo seu corpo doía.

E, como se sua situação já não fosse humilhante o suficiente, Azrael se encontrava, totalmente, nu.

Estava no banho quando o hotel desabou.

- O que mais você quer comigo!? - Vociferou, agradecendo aos céus a delicadeza de um demônio meio cobra em estender-lhe um pano qualquer para que cobrisse suas intimidades.

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