Casamento III

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O estabelecimento se estremeceu com o repentino estouro do arrebentamento do portão principal, por onde um automóvel vibrante adentrava em alta velocidade no interior da edificação.

- Uau! Sua capacidade de dirigir incrivelmente mal, me impressiona a cada segundo. - Comentou a divindade, sentada confortavelmente no banco do passageiro e batendo palmas enquanto um Alastor apressado saía rapidamente do veículo em busca de algo - Tens mesmo carta de habilitação?

A maior parte dos estragos presentes no carro se deviam à péssima noção de espaço que o pecador obtinha na condução.

- Você sabe a resposta.

- Acredito que colidir o automóvel mais de uma vez e engavetar duas pessoas ao dirigir quando vivo, são fatores que possam ter influenciado na confiscação da sua CNH, não? - Debochou a divindade.

- Na minha época não existia essa documentação.

- Eu sei, estava só brincando.

De qualquer forma, não foi necessário muito tempo de busca visto que, logo, os olhos de Alastor se deteram naquelas flores. As rosas vermelhas devidamente perfumadas e cultivadas na escassez de solo fértil que o inferno ainda tinha, se destacavam na escuridão daquele lugar.

Num movimento rápido, Alastor as retirou e embrulhou em um papel de seda negra, formando assim um buquê de rosas.

Voltando, com pressa, para o automóvel danificado, Alastor depositou o buquê nos braços do ser celestial ao seu lado.

- Uma obra de arte! - Aprovou Deus.

- Segundo passo, velas vermelhas! - Dando partida, Alastor trocou a marcha e acelerou o veículo, consequentemente, saindo de ré.

Sua viagem durou poucos segundos tendo em vista sua excedência de velocidade.

Mais um estouro ecoou em outra edificação, e o pecador gastou apenas poucos segundos para voltar para o veículo deteriorado carregando alguns maços de velas.

- Terceiro passo? - Dialogou Deus, mesmo que já soubesse, segurando as velas ao mesmo tempo em que o motor do veículo roncava com êxito.

- Hazbin Hotel. - Respondeu Alastor, arrancando com o carro.

Por coincidência (ou não), conforme o automóvel desgovernado e danificado de Alastor vagava, veloz, pela estrada, as ruas começavam a ficar desertas. Afinal, nenhum demônio ou pecador gostaria de desfrutar de um atropelamento feito por ninguém menos que o Demônio do Rádio, a não ser, masoquistas.

Girando o volante ao extremo quando se viu próximo o suficiente do hotel, Alastor derrapou com o carro até chegar próximo da entrada, logo, saindo às pressas do veículo.

Distorcendo o espaço, Alastor desmaterializou-se para, em questão de segundos, materializar-se novamente em seu quarto.

Se pudesse usar sua distorção espacial para se locomover por longas distâncias, facilitaria muito em suas tarefas anteriores, no entanto, por mais abrangente que fosse seu poder, o Demônio do Rádio também possuía limitações em determinados aspectos.

Vestindo seu terno negro com uma agilidade invejável, Alastor alcançou os pares de aliança que havia separado e, embuído nas sombras, desmaterializou-se.

- Vamos! - Exclamou ao materializar-se, novamente, na entrada do hotel.

- Quanta rapidez! - Comentou a divindade, aumentando ainda mais seu sorriso. Todavia, não parecia ser um sorriso simpático, e sim um sorriso... Sagaz.

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