Capítulo Dezesseis.

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E se, por um acaso, o diabo decidisse tirar férias?

Na verdade, talvez não tenha sido o próprio quem teve tal iniciativa.

Durante dias à fio, Charlie defendeu a tese de que Angel, Husk, Sr. Pentious e, talvez, Cherry Bomb eram mais do que capazes de proteger e cuidar do Hazbin Hotel perante à sua ausência.

Até que, no fim, o Rei Infernal cedeu perante ao pedido insistente de sua descendente.

- Você me deixou esperando por dez minutos, meu pequeno. Por favor, deixe-me ver o resultado. - Pediu o loiro, afagando gentilmente os fios mesclados entre dourado e preto de sua criança.

Suas orelhinhas estavam baixas quando parou de resistir e ofereceu, ainda relutante e com as bochechinhas vermelhas de vergonha, aquele desenho para seu pai.

Todavia, antes que pudesse analisar a arte recém-feita de seu filho, o loiro se sobressaltou com as súbitas formas negras que se levantavam do solo. Dentro de poucos segundos, tais sombras revelaram a silhueta do Demônio do Rádio, o qual intencionava espiar o desenho de Duck junto consigo.

Alastor parecia uma verdadeira assombração, às vezes.

- S-Sou eu!? - Indagou Lúcifer, confuso com os diversos traços coloridos riscados naquela folha.

Em um primeiro momento, Alastor esforçou-se, de verdade, para prender a risada alta que queria soltar.

Não deveria rir. Eram apenas rabiscos com as paletas de cores de Lúcifer, e ao lado do loiro, estavam outros rabiscos com as suas próprias cores.

Mas, a graça estava no realismo do qual Duck quis passar naquele papel, afinal, Lúcifer mal alcançava as pernas de Alastor no desenho.

Duck era um verdadeiro artista!

- Papai... - Chamou o pequeno, inseguro - N-não acho que está bom...

- Está fantástico, Duck! - Contrariou Lúcifer, temendo pelo emocional de seu descendente caso demonstrassem avaliações negativas - Eu... Eu nunca vi nada igual à esse desenho! Está incrível, filho.

- Por que papai Al está rindo? - Indagou a criança ainda mais envergonhada ao notar que Alastor se engasgou com suas próprias risadas.

Uma "crise de risos" seria a definição ideal para o estado atual em que o Demônio do Rádio se encontrava.

- Seu pai não sabe o que faz! - Bufou Lúcifer, desferindo uma forte cotovelada nas costelas do moreno, que ainda sim, continuou gargalhando, mesmo com dor - Idiota!

- Eu não vou mais desenhar o papai-

- Estamos todos prontos, pai! - Interrompeu Charlie, ao abrir a porta - Vamos lá! Só faltam vocês.

A loira demonstrava pequenos pulinhos de euforia enquanto exibia um sorriso radiante, exaltando a empolgação de suas orbes.

- Também estamos prontos, pequena. - Respondeu Alastor, apontando para as malas separadas no meio do quarto.

- Ah, isso é tortura, Charlie! - Reclamava Lúcifer, dobrando cuidadosamente o desenho de Duck e o guardando em um de seus bolsos internos de seu terno - Você sabe que não suporto surpresas.

- Não seja tão reclamão, você vai gostar. Vamos! - Chamou Charlie, eufórica, correndo em direção às escadas.

- Não entendo como você consegue estar tão calmo. - Comentou Lúcifer, segurando seu descendente no colo e deixando todas as malas a critério de Alastor que, sem dificuldades, carregou todas elas com auxílio de suas sombras - Tipo, você não está nem um pouco ansioso para saber onde vamos ficar nessa semana de férias?

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