Capítulo Doze.

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Não houve tempo para que se esquivasse.

Por meio de suas sombras, ele se defendia sem chances de ripostar contra aqueles abutres covardes que se juntavam em bando para atacar-lhe. No entanto, era tarde demais quando notou aquele soco chegando, sorrateiro, em sua direção.

Alastor nunca imaginou que fosse voar pelos ares com apenas um único murro angelical.

O ar escapou de seus pulmões ao sentir suas costas atravessarem, em uma velocidade absurda, o concreto do corredor em que lutava, fazendo com que adentrasse em algum cômodo semelhante à uma ala hospitalar.

Sua cabeça parecia girar.

Merda. Nunca chegaria até Lúcifer naquele ritmo!

Cuspindo o líquido ferroso presente em sua boca, o Demônio do Rádio lançou olhares letais para os anjos que, novamente, tornavam a se aproximar.

Droga. Como chegaria até Lúcifer com essa cambada de abutres em seu pé!? Além disso, vale ressaltar, ainda, que sequer sabia onde o seu loirinho estava...

- A-Alastor!?

O demônio estremeceu-se com a voz acima de si.

Levantando o olhar, Alastor se deparou com as orbes douradas e alarmadas de seu amado.

O loirinho estava... Lindo. Simplesmente lindo, ainda mais com aquele brilho vívido e genuíno de suas íris douradas. Cada traço daquele rosto parecia ser um modelo divino da perfeição.

Neste meio-tempo, o Demônio do Rádio notou uma pequena estrutura descansando nos braços de Lúcifer.

Entretanto, antes que pudesse aproximar-se para ver o que Lúcifer abraçava com tanto afinco, Alastor não notou o momento em que os anjos avançaram para cima de si, desferindo golpes rápidos e pesados.

E de novo, o Demônio do Rádio atravessou mais uma parede.

- Mas, o que caralhos é...!? - Lúcifer atentou-se com a voz familiar de uma dos exterminadores - Essa criança não deveria estar viva.

- N-não está. - Gaguejou, apertando ainda mais o bebê, que ressonava, singelo, em seus braços.

- Ah, não? Me mostre. - Desafiou Lute, em sarcasmo.

Droga!

Lúcifer estava fraco. Seu corpo ainda doía. Todas as horas de seu trabalho de parto sugaram, até a última gota, de sua energia.

Ele não podia lutar.

E além de não poder lutar, havia uma desalmada que, com toda certeza, faria mal à sua criança na primeira oportunidade possível.

Droga!

Seu corpo tremia. Ele não sabia ao certo se era de medo pelo que aconteceria com sua criança caso não conseguisse se livrar da exterminadora ou, se era o resultado das contrações involuntárias causadas pelo excesso de força em que teve que usar para o parto.

Lúcifer se sentia no fundo do poço.

- Vamos! Mostre-me. - Exigiu a garota.

E o fundo do poço sempre teria uma porta disponível para que se afundasse ainda mais.

Precisava de tempo... Mas, não havia tempo para si, afinal, exterminadora estava bem na sua frente!

- Vamos lá, qual é o problema!? - Inquiria a a garota, aproximando-se à passos rápidos.

O coração disparado de Lúcifer já havia se tornado algo comum naquele dia.

Apertando o bebê ainda mais em seus braços, Lúcifer lançou olhares mortais para a exterminadora.

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