Duskwood - Apenas Mais Uma Chance.

XIII/Part 2 - Na toca do inimigo

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Às três e quinze da tarde, dirigia a procura de um endereço incerto. Não tenho certeza de onde é exatamente este local, apenas carrego comigo um ponto de referência mais próximo àquela localidade anotado em um papel rasgado e que acabei por adicionar no GPS do meu carro.

E as coisas se tornaram um pouco piores quando meu velho GPS decidiu me deixar na mão ao notificar o fim da estrada mesmo tendo muito para percorrer, e ainda assim continuei mesmo sem alternativas no meu caminho. E sendo honesta, estou há tanto tempo nesse vaivém, que começo ter a breve sensação de que eu estava andando em círculos.

Mas por algum tipo de bênção divina, acabou por encontrar um bar de beira de estrada, que logo na sua entrada tinha um grupo de pessoas reunidas, parecendo bastantes engajados em suas conversas para sequer notar a minha aproximação.

Me aproximo desse grupo na esperança de receber o mínimo de informação possível, qualquer coisa, por mínima que seja. É o que venho procurando desde que decidi embarcar no meu carro e andar pelas redondezas de Duskwood atrás desse tal de Lewis.

Ao notarem a aproximação repentina, a conversa, antes engajada, cessam de uma só vez.

Abaixo o vidro escuro do carro e forço simpatia imediata.
— Com licença, algum de vocês saberia me dizer onde fica este endereço? — perguntei, esticando o braço para que o pequeno folheto ficasse visível aos olhos de todos.

Olham curiosos para o papel rasgado e depois se entreolham. A mulher, que antes não tinha consciência da sua presença, dá um passo à frente e que se prepara para responder, no entanto, um cara puxa ela pelo braço e cochicha no seu ouvido — ou ao menos tentou, já que fui capaz de ouvir exatamente o que ele disse.

— Acho que ela quer chegar na casa daquele cara que passou por aqui naquele dia — escutei o homem dizer por alto.

— Ou ela deve tá indo ver alguma atração por lá — outro intrometido comentou. Esse mesmo cara olhou pra mim e perguntou, afoito — Desculpa a intromissão, moça, mas o que você vai fazer por lá? É um deserto completo.

Apesar de eu ter pedido por uma informação e estivesse esperando por ela, a conversa se perdura por tempo demais e o meu real objetivo vai sendo deixado de lado. E é agora que eu me pergunto: o que outras pessoas fariam no meu lugar? Porque agora, neste exato momento, me vejo a segundos de não falar conformidades.

— Sinto muito, mas isso realmente não interessa a você. — Respondi malcriada para o homem descarado.

— Tá vendo só?! É o que dá se intrometer onde não é chamado — a mulher rebate — Agora me deixe responder a moça, não seja rude dessa forma — repreendeu o cara da má conduta e finalmente voltou sua atenção para mim  — Peço desculpa por ele, moça — sorriu com simpatia — Mas olha, não é muito longe daqui, mas tem que tomar cuidado, estão dizendo que tem um maníaco a solta e os quarteirões estão quase desertos por causa disso — avisa, o sotaque pesando em sua voz. Concordo com veemência — Você vai seguir até o final desta rua, depois haverá uma curva, à esquerda. Assim que pegar essa curva, seguirá em frente mais uma vez e dobrará a direita. Se for o local que estamos pensando, então não terá muita dificuldade — finalizou.

Agradeci rapidamente, logo troquei a marcha e arranquei com o carro sem pensar duas vezes. O grupo, por sua vez, voltaram a conversar no mesmo instante que saí.

Segui com as coordenadas exatas cautelosamente. Segui até o final da rua, depois dobrei na primeira curva à esquerda, segui em frente novamente e logo finalizei virando para a direita.

De fato, a mulher não estava errada. Não há muito movimento por esse quarteirão, é quase deserto. Claro, tem alguns transistores andando aqui e ali, mas não é nada demais se for comparar com o restante da cidade de Duskwood.
Estacionei meu carro numa vaga próxima a um mercado pacato. Olho ao redor tentando captar alguma coisa que pode ser importante ou algum rosto conhecido, mas, sinceramente, não tenho muito o que olhar.