Eu sempre estive aqui

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Estou obcecada, passava 80% do tempo falando de Betrayed e os outros 20% torcia para alguém falar.

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16/03/2024 - Sábado

Os raios de sol já infiltravam a janela ampla do quarto principal, o corpo loiro jogado na cama se remexia incomodada pela claridade que ardia seus olhos. Anita tateia a cama a procura da morena, encontrando apenas o vazio. Sua mente tem de forma clara os flashbacks da noite anterior.

O remorso corroía sua alma, ela sabia que não poderia mudar o que fizera, pois fizera de forma consciente; mas nada alterava o fato de seu coração se dilacerar com o peso da culpa. A loira deixa que uma lágrima escorra pelo seu rosto, pingando no travesseiro. Ela precisaria lidar com as consequências de seus atos, e nem mesmo sabia se Verônica a esperava no andar de baixo.

Anita precisaria ir trabalhar, mas a vontade de levantar da cama era negativa. Sua cabeça latejava de dor, a ressaca também era um problema a mais para o dia, era assim toda vez que tinha uma recaída no vício da bebida. A loira daria tudo que tinha se pudesse não viver o dia de hoje.

Com a pouca coragem que restava em seu interior, ela levantara da cama, seguindo para o banheiro espaçoso para poder fazer sua rotina de higiene pessoal, quanto mais tempo ela pudesse enrolar, ela enrolaria.

Poucas vezes na vida Berlinger sentira medo, e dessa vez, ela sentira medo de encarar os olhos castanhos de Verônica e ouvir um adeus saindo dos lábios perfeitos de sua até então, namorada.

A respiração de Anita sumira ao adentrar o closet que dividia com a outra mulher e notar que metade dele estava vazia. Verônica havia a deixado?

Uma cachoeira de lágrimas carregada de culpa escorrera dos orbes azuis, ela sentia ódio, ódio de si mesma por ter trocado o amor da vida dela por um beijo gostoso.

Ao chegar no primeiro andar da casa, já devidamente vestida para mais um plantão na delegacia, os seus olhos vasculham a sala, em algum lugar do seu coração, ela acreditava que Verônica pudesse estar ali.

As portas metálicas se abrem, fazendo com que os policiais do plantão corressem para suas devidas mesas e departamentos, a fama de Berlinger nunca fora muito boa ali. Anita não se importava com nenhum dos olhares que recebia enquanto caminhava pelo extenso corredor até sua sala, ela só precisava que um par de olhos a encarasse; apenas ela importava.

Ao passar ao lado da mesa de Verônica, a escrivã nem mesmo se designara a levantar o olhar para a delegada. A loira sente vontade de se jogar da janela de sua sala.

- Bom dia, Verônica. - A mais nova apenas a olhara pelo canto do olho, mas nada respondeu.

Anita preferia levar um tiro na testa do que ter que lidar com o gelo de Verônica, mas sua razão dizia que ela merecia, e aceitaria tudo se no final pudesse continuar com a morena.

Já dentro da sua sala, a loira assumira sua postura de delegada geral. Ali era seu local de trabalho, e não aceitaria erros; por mais que o maior erro da sua vida tenha começado naquele mesmo ambiente.

As horas demoraram a passar, mas finalmente o seu horário se acabava, e várias vezes os olhos azuis procuraram pelos castanhos, mas seu olhar não fora retribuído nenhuma vez.

- Boa noite, delegada. - Anita levanta os olhos, encarando a dona da voz e odiando a pessoa que enxergara.

- Olga, boa noite. - A loira diz formalmente, como se a outra mulher fosse qualquer uma outra. E agora, Anita desejava que fosse.

- Posso entrar, Doutora. - Anita assente, o corpo de Olga passa pela porta, a fechando em seguida.

- Que bom que veio, preciso falar com você. - A outra morena deixa que um sorriso malicioso escape dos seus lábios. - A partir de agora estou cortando qualquer outro tipo de relação que tenhamos, além da profissional.

Betrayed | Veronita FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora