São Luiz do Ipatinga

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25/03/2024 - segunda-feira

As mãos de Anita tremiam visivelmente apenas por estar ao lado de Verônica. Ela havia planejado tudo, mas mesmo assim continuava aflita. No banco do passageiro, Verônica já tinha cansado de questionar o destino delas naquela noite e não obter nenhuma resposta.

Elas estavam a mais de uma hora no carro, e o único som ali dentro era a voz da Rita Lee que ecoava em volume médio pelas caixas de auto falante do veículo; mas talvez se o som fosse desligado, seria possível ouvir os batimentos cardíacos das duas mulheres.

A morena já tinha tentado várias vezes espiar pelo GPS o local para qual Anita as levava, mas falhara miseravelmente todas as vezes.

Verônica começara a se arrepender de ter aceito o convite, e agora pensava que talvez devesse parar de agir por impulso. E na outra extremidade do carro, Anita só conseguia rezar para que tudo desse certo; e olha que ela nem sabia rezar.

Depois de mais alguns quilômetros de estrada, Anita finalmente para o carro. A morena ao seu lado cochilava em um sono gostoso. Berlinger fica com uma leve pontada de dó de acordá-la, mas precisava.

- Linda...acorda aí rapidinho. - Anita diz dando leves tapinhas no braço de Verônica.

- Hmm...O que aconteceu? - A morena pergunta ainda sonolenta. - Chegamos?

- Não aconteceu nada, não preocupa. - Verônica observava pela janela o lugar em que elas estavam; um posto de gasolina no meio do nada. - Eu só parei pra abastecer o carro e precisa pagar na conveniência, você quer alguma coisa de lá?

- Ainda falta quanto tempo pra chegar?

- Ah, acho que no máximo uma hora. - Na verdade, não poderiam demorar mais do que uma hora, então a fala da loira fora quase uma lei da atração.

- Então vou querer sim, quero comer alguma coisa gostosa. - Anita se impede de fazer a piadinha que iria fazer pelo clima entre elas não ser nem de longe um dos melhores, mas não consegue segurar a risadinha maliciosa, fazendo Verônica estender o dedo do meio para ela ao entender o que se passava na cabeça de Berlinger.

- Some daqui, Anita! Eu te odeio. - A loira apenas riu alto enquanto saia do carro, indo até a conveniência do posto.

Menos de uma hora se passou até que os orbes azuis pudessem ler a placa "Bem vindos á São Luiz do Paratinga". Anita desvia o olhar a procura dos orbes castanhos, encontrando Verônica novamente apagada em um sono profundo.

Um suspiro aliviado escapa dos lábios da mais velha, aliviada pela morena estar dormindo e sua surpresa não ser descoberta. Afinal, quem não reconheceria à primeira vista a sua cidade natal?

O relógio no painel do carro marcava 22:45, o céu estrelado e a lua cheia atendiam as rezas de Anita. Verônica continuava dormindo mesmo quando Berlinger estacionou o carro na portaria do Hotel e desceu as malas que a morena nem mesmo havia percebido que estavam ali.

Uns 5 quilômetros após o hotel, o carro para novamente, dessa vez despertando Verônica do seu sono. Elas estavam em uma colina alta, onde era possível ver toda a pequena cidade. A única luz ali sendo a luz da lua e alguns postes de iluminação que elas não se lembravam de ter visto há 05 anos atrás.

- Anita... - Verônica começa a dizer, mas o barulho da porta de Anita abrindo interrompe o que ela iria dizer.

- Não saia daí! - Berlinger grita pela janela aberta do carro.

Berlinger abre o porta malas, retirando dele uma toalha e a estendendo na grama verde próxima a uma arvore frutífera que havia ali desde a última vez. Uma garrafa de vinho também fora aberta e deixada ao lado da árvore.

Betrayed | Veronita FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora