Uma última chance

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22/03/2024 - sexta-feira

Uma semana se passara, e nada havia mudado. Torres se fechou em seu mundo, impossibilitando a aproximação de Anita. O silêncio delas havia se tornado a maior decoração daquela casa. A foto manchada continuava pendurada na parede, uma disputa silenciosa de quem seria a corajosa de tirá-la.

Os dias haviam se tornados rotineiros para ambas, acordavam sozinhas, saiam sozinhas e voltavam sozinhas. Um casal separado que dividia a mesa casa.

Verônica havia se mudado para o quarto de hóspedes, não tinha forças para começar uma discussão sobre quem merecia continuar no quarto principal. A morena continuava afogada na dor que corroía seu peito. Verônica nadava contra a correnteza, estava perdida, e boiava no mar de solidão.

Já a loira, cada dia que passava sentia a culpa a corroer por dentro e por fora. Havia perdido todo seu brilho e encanto, ela não sabia o que fazer para conquistar o perdão verdadeiro de Verônica. Então, se afundava nas bebidas; magoando ainda mais a morena.

Ninguém podia negar a mudança que havia ocorrido em Anita. Seus dias não foram os mesmos depois daquela noite, noite em que ela tinha decidido que Verônica não merecia ser traída. Como ela ia falar para Verônica que estava sofrendo de amor, mas o amor não era o dela? De mil formas de contar, a delegada tinha escolhido a pior.

Naquela casa tinha duas pessoas enganadas, uma que não sabe de nada e a que sabe tudo, escondia lágrimas. Verônica era enganada por Anita, e Anita era enganada por ela própria. Toda vez prometendo para si que seria a ultima vez.

O amor é como uma flor, quando não rega; morre.

As duas dançavam uma dança estranha dentro daquela casa, os olhares não eram mais sustentados, meias palavras, meias conversas e meias palavras. O amor não era mais percebido por Anita. Verônica implorava silenciosamente para que a loira percebesse que tudo o que ela estava fazendo era tentar salvar a ultima gota de amor que escorria entre os dedos delas.

Dois corações sangravam, mas apenas um era o culpado pelo sangramento de ambos.

Deslize ou vontade própria; um deslize não é recorrente; vontade própria.

Tudo que Torres queria era poder voltar a encarar os olhos azuis piscina e não se sentir como se estivesse afogando. E Anita, queria voltar a encarar os olhos castanhos e enxergar algo além de culpa.

Sentada sobre o sofá, Verônica observava a loira alcançar as a chaves do carro, arrumada e perfumada. Apenas com um "não sei quando volto, não me espere acordada." Anita sai, novamente deixando Torres sozinha.

- O mesmo de sempre. - A loira pede ao cara que estava no bar, se sentando com os braços apoiados no balcão. Ali ninguém reconhecia Anita sem Verônica, num canto jogada e cheio de gente pra todo os lados, a mulher pensava em como a música alta era ruim.

O copo de whisky com gelo fora colocado a sua frente, a mulher sorri em agradecimento; ela nem sequer lembrava de ter sorrido na última semana. Perdida em seus pensamentos, Berlinger bebia sua bebida com calma, o peito angustiado em pensar na hora que voltaria para casa.

As horas se passavam, e a cada pessoa que tentava começar um assunto, Anita apenas erguia a mão direita mostrando a aliança prateada; aliança que ela não sabia se valia algo. Ela ainda estava em um relacionamento?

A delegada sente uma mão tocar seu ombro, no susto, a mulher vira seu corpo procurando por quem o havia feito. Os olhos azuis logo reconhecem a figura de Nelson parada ao seu lado em silêncio, esperando um convite para se sentar. A loira apenas assente e desvia o olhar para a cadeira vaga ao seu lado.

Betrayed | Veronita FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora