Presente inesperado

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25/03/2024 – segunda-feira

Horas após a longa conversa que elas tiveram, iluminadas pela luz da lua e no lugar que agora fora marcado com a promessa de amor delas. Os corações quebrados e em cacos, eram colados, mas com cuidado pra não se cortarem novamente.

A noite escura estava estampada na janela da sacada do quarto do hotel em que elas estavam. A fumaça do cigarro já pela metade de Anita Berlinger subia em direção ao mesmo céu que os orbes azuis admiravam em silencio.

O corpo esbelto de Verônica estava esparramado pela cama espaçosa, apagado em um sono profundo com os cabelos bagunçados e um dos braços sob o rosto tampando os olhos castanhos. A morena aproveitava da enorme cama forrada por lençóis brancos sozinha, já que Anita havia optado por dormir no sofá que havia no quarto para deixar a outra mulher mais confortável.

A loira estava debruçada sob a barra de segurança da sacada, tragando o cigarro enquanto divagava sobre tudo que tinha acontecido e tudo que tinha feito. Nem ela mesmo entendia o que havia feito com que ela trocasse o certo pelo duvidoso. Logo ela, Anita Berlinger, precisava se contestar sobre seus próprios erros.

Anita não sabia que estava sendo vigiada pelo par de orbes castanhos que ela tanto amava. Verônica não conseguira pegar no sono desde que ouviu a movimentação de Berlinger pelo quarto, mas não queria atrapalhar o momento da mulher, então apenas observava e se perdia nos próprios pensamentos.

Ambas mulheres não sabiam quanto tempo ficaram presas em suas próprios divagações. A brisa gelada começava a se tornar incomoda para a loira; o toque alto e barulhento do celular logo preenchia o silencio do quarto. Anita rapidamente adentrando o quarto, deixando um suspiro de alívio ao sentir o quanto o quarto estava aquecido, e Verônica volta a fingir que estava dormindo.

O visor do celular, cujo tela de fundo era uma foto da morena, marcavam 03:00 da manhã. A chamada era efetuada por Olga. O semblante da loira rapidamente se transforma num misto de confusão com estranheza. O que levaria Olga a ligar para ela uma hora daquelas?

- Alô? – o timbre da loira era baixo, temendo acordar a mulher que aparentemente dormia naquele mesmo cômodo.

- Oi Anita, tá ocupada? – Anita encarava Verônica deitada na cama, enquanto tentava assimilar tudo que estava acontecendo.

- Olga, eu acho que ninguém está ocupado as 03:00 da manhã.

- Nós já estivemos ocupadas muitas vezes as 03:00 da manhã, já me esqueceu?

Anita respira fundo antes de voltar a prestar atenção no que a mulher dizia, mas os olhos azuis pesados de sono focados na sua mulher.

- Me escuta, Olga. Eu vivo com alguém, que não me dá motivos pra ficar com mais ninguém, por favor, me cancela da sua vida.

- O que mudou, Anita? Até mês passado você me prometia fundos e mundos. – O tom de Olga era raivoso.

Verônica ouvia tudo, atenta a cada detalhe da conversa em que ela não estava diretamente ligada.

- Eu tô pedindo a conta, a gente passou da conta. Eu precisei de quebrar a cara muitas vezes pra finalmente cair na real, e me arrependo de ter demorado tanto.

- Anita, nos dê uma chance, mas uma chance por completo.

- Ela não dorme enquanto eu não chego do trabalho, e eu nunca mais vou dormir se ela me deixar. Tenha um boa noite, Olga.

- Anita! Por favor...me ouve.

- Se eu não te amo, e você não me ama...você acha justo? Pra quê tudo isso?

Betrayed | Veronita FanficOnde histórias criam vida. Descubra agora