Cap. 2

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Daniel Santoro

Criar uma criança pequena é difícil. Criar duas crianças pequenas é mais complicado ainda. Desde que os gêmeos nasceram e a minha ex mulher faleceu, me afastei do trabalho e me dediquei 100% aos cuidados deles mas agora que os meninos já estão com um ano de idade, preciso voltar a trabalhar.

Coloquei o Gustavo na cama, ajeitei a coberta do Guilherme e sai do quarto. Tomei um banho e desci pra sala.

- Os meninos dormiram? - Pergunta Henry com duas taças e uma garrafa de champanhe

- Sim.

Ele me entregou uma taça e sentamos no sofá.

- Como estão as buscas por uma babá?

- Cada dia mais difícil, parece que todas só estão interessadas no que posso oferecer e não nos meus filhos.

- Tem certeza que não quer continuar trabalhando de casa?

- Não.

- Estamos nos virando bem na empresa e assim você tem mais tempo com os meninos.

- Não Henry, eu preciso voltar a trabalhar, não posso mais ficar em casa.

- Do que você tem medo Dani? Por que essa pressa toda?

- Estou começando a ficar deprimido, você sabe que eu não sou de ficar em casa por muito tempo.

- Mas você ficou, ficou isolado por um ano cuidando dos seus filhos.

- Eles precisavam de mim.

- E ainda precisam, a empresa tem a cre...

- Não ouse Henry, não vou colocar meus meninos naquele lugar.

- Tá, eu sei que nada do que eu disser vai te fazer mudar de ideia.

Deixei a taça de lado, peguei meu computador e entrei no site que eu tinha publicado o anúncio. Diversas candidaturas e apenas uma me chamou atenção. Cliquei no perfil e comecei a ler o currículo dele.

- Acho alguma coisa?

- Calma aí, deixa eu ler.

O currículo não era extenso, não tinha muitas experiências e nem recomendações, mas o que mais me chamou atenção foram os seus objetivos e suas observações.

- Nossa, tem bastante observações - Disse Henry

Li repetidamente os objetivos e observações que aquele menino de apenas 19 anos tinha e agendei uma entrevista.

- Você agendou uma entrevista?

- Sim.

- Daniel, é uma criança.

- Não me importo com a idade. Olha o currículo dele, as observações, os objetivos que ele tem.

- Não tem nenhuma experiência profissional.

- Pode não ser uma profissional, mas o importante é que ele esteja disposto a cuidar bem dos meus filhos.

- Quero estar junto nessa entrevista.

- Por que?

- São meus afilhados, quero saber como é a pessoa que vai se responsabilizar por eles.

- Se eu fizer isso vai fazer ficar quieto, então esteja aqui amanhã às oito horas, marquei a entrevista para às 8:30.

- Nem vou precisar vir porque eu já vou estar aqui.

- E quem disse que eu te quero aqui hoje?

- Você não tem que querer nada, eu que decido se vou ficar ou não.

- Sim, é bem assim mesmo. É a minha casa mas é você que manda nela.

- Exatamente.

- Está com fome? Porque eu estou.

- Não comeu ainda?

- Hoje não tive tempo, Gustavo passou o dia inteiro ruinzinho, só estava esperando você chegar pra eu levar ele no médico.

- Você nem esperou eu chegar direito, nem me falou pra onde ia.

- Eu estava apressado.

- É, eu vi.

- O que vamos comer? Não quero nada demorado.

- Podemos pedir pizza então.

- Pode ser. Enquanto você pede, eu vou dar uma olhada nos meninos e ver se o Gustavo não está com febre.

- Tá bom.

Subi para o quarto dos meus pedacinhos de céu, abri a porta devagar e eles ainda estavam dormindo. Gustavo estava sem febre e agradeci mentalmente.

Sai do quarto e voltei para a sala.

- Nossas pizzas estão quase chegando.

- Graças a Deus, eu estou com fome.

- Estão dormindo ainda?

- Sim e o Gustavo está sem febre.

- Vamos assistir um filme enquanto esperamos nossa comida.

Sempre deixo uma coberta guardada pra quando o Henry vem pra cá, peguei e nos cobri.

- Você está gelado, vem pra mais perto de mim.

Me aproximei e ele me abraçou beijando minha testa.

- Agora está bem melhor - Falei me aconchegando para mais perto dele

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