Cap. 3

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Luigi Lima

Quando acordei, a primeira coisa que fui fazer foi checar as minhas mensagens. No topo da lista estava o email em que eu tinha me candidatado para a vaga de emprego.

Fiquei com muito medo de eu não ter conseguido mas ao mesmo tempo com esperanças. Abri o email de uma vez e li rapidamente.

Li mais algumas vezes para ter certeza do que eu tinha lido e gritei animado pulando encima da minha cama. Meu pai entrou correndo no meu quarto com uma cara de assustado.

- Luigi, o que aconteceu?

- Eu consegui papai! Eu consegui!

- Conseguiu o que Luigi? Para de pular, você vai acabar se machucando.

- Eu consegui uma entrevista, amanhã eu tenho uma entrevista! - Falei descendo da minha cama e abraçando ele

- Ah meu amor, fico tão feliz por você, esse emprego já é seu.

- Obrigado papai.

- Vamos tomar café, aposto que o Matheus já está vindo pra cá também.

Meu pai não estava com a roupa de trabalho e comecei a ficar preocupado.

- Pai, o senhor não vai trabalhar?

- Estou de folga hoje, vou passar o dia inteirinho com você.

- E com o Matheus.

- E com o Matheus também.

Descemos para a cozinha, a mesa de café da manhã estava linda, meu papai caprichou hoje.

- Que mesa linda pai.

- Gostou? Acordei bem cedo e fui na padaria comprar tudo que você gosta e mais um pouco.

- Aí pai, o senhor é o melhor.

Ouvimos o barulho da porta sendo aberta, fechada e o Matheus entrando correndo na cozinha como todos os dias. Mas hoje foi diferente, ele estava chorando e assustado.

- Ei Matheus, o que foi? - Pergunta meu pai indo até ele - O que aconteceu cara?

Ele abraçou meu pai e chorou ainda mais.

- Não me abandona - Disse em meio ao choro - Não me abandona!

- Tudo bem meu anjo, eu nunca vou te abandonar.

- Estou tão cansado.

- Vem cá, você está pálido menino, precisa comer alguma coisa.

- Senta aqui Matheus - Falei puxando a cadeira pra ele - Vamos comer.

- Vai cuidar de alguma criança hoje filho?

- Não, por que?

- Porque depois do almoço, vamos ao mercado comprar um monte de besteira pra gente comer enquanto assistimos um filme, o que acham?

- Eu topo! - Disse Matheus erguendo a mão

- Pai, para de gastar dinheiro a toa.

- Não precisa se preocupar amor, eu tirei o dia de folga hoje justamente pra ficar com você.

- E com o Matheus.

- E com o Matheus também.

Depois que terminamos de tomar café, Matheus foi para sala, eu ajudei meu pai a guardar tudo e fomos para a sala também. Meu melhor amigo estava dormindo no sofá, parecia que ele não estava dormindo direito em casa. Quando eu ia acordar ele, meu pai me interrompeu.

- Não filho, deixa ele dormir.

- Pai, estou preocupado com ele.

- Eu também estou amor, mas não dá pra gente resolver tudo, não sabemos o que está acontecendo na casa dele e por isso não podemos nos envolver.

- O que a gente faz então?

- Enquanto ele estiver aqui, damos toda a atenção, amor, carinho e o cuidado que ele precisa.

- O senhor é o melhor pai do mundo.

- Tudo que sou hoje, é graças a você.

Abracei ele e sentei ao seu lado.

- Papai

- O que foi minha vidinha? - Perguntei me puxando para deitar em seu peito

- O senhor não acha que já está na hora?

- Do que amor?

- Do senhor encontrar alguém.

- Meu amor, eu já tenho você, tenho o Matheus que mesmo vindo só pra comer, ele já faz parte da nossa família.

- É verdade - Falei rindo

- Não preciso de mais ninguém se já tenho vocês.

- Não é justo pai, o senhor precisa de alguém e vai saber a quanto tempo o senhor está sem...

- Tá preocupado com o tempo que eu estou sem transar?

- É - Respondi envergonhado

Ele riu alto, Matheus acordou e dormiu de novo no mesmo segundo.

- Filho, não se preocupa com isso, eu estou muito bem e só pra você saber, a última vez foi anteontem.

Me levantei rápido e olhei incrédulo para ele.

- Então foi por isso que o senhor veio pra casa só ontem de manhã?

- Sim e olha, foi tão bom que se a gente não tivesse que trabalhar, eu voltaria pra casa só hoje de manhã.

- Pai, me poupe dos detalhes.

Ele riu de novo e dessa vez o Matheus acordou completamente.

- O que aconteceu? - Pergunta coçando os olhos

- Nada meu anjo, volta a dormir.

- Aí não quero, estou com fome.

- De novo? Não faz muito tempo que você comeu.

- Ah tio, eu estou com fome.

- Pega uma fruta lá na geladeira ou uma bolacha, o almoço vai demorar um pouquinho pra ficar pronto.

- Tá bom.

Depois que ele foi para a cozinha, eu olhei para o meu pai.

- Quer saber quem é né?

- Quero.

- O nome dela é Camila, morena, baixinha, olhos castanhos claros e uma grande gostosa.

- Pai!

- Vida - Disse rindo - Você tem que se acostumar, não é só porque você não gosta da mesma fruta que eu, que não posso falar nada.

- Desde quando o senhor sabe? - Perguntei assustado - Desde quando o senhor sabe?

- Desde sempre meu amor, eu sempre soube.

- O senhor nunca disse nada.

- Por que eu diria? Independente do que você gostar, sempre será o meu garotinho, o garotinho que sempre tem o melhor de mim e que mostrarei o meu pior para qualquer um que tentar ou ousar te magoar.

- Eu te amo muito pai e muito obrigado por não ter me abandonado como a mamãe fez com a gente.

- Eu também te amo e jamais abandonaria o bebê que me tornou uma pessoa melhor.

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