Cap. 7

20 2 0
                                    

Marcello Lima

Passei pra buscar a Camila e seguimos para o mercado, peguei um carrinho, entramos e ela segurou meu braço enquanto caminhavamos pelos corredores do mercado.

- Como ele reagiu quando você contou?

- Contei o que?

- Sobre nós.

- Ah, ele ficou surpreso quando contei que estava saindo com uma pessoa, mas depois aceitou de boa.

- Assim fico mais tranquila.

Terminamos de fazer as compras, paguei tudo e levamos as sacolas para o carro. Meu celular começou a tocar quando eu estava ajeitando meu cinto de segurança.

- Alô?

- Tio - Responde Matheus chorando

- Matheus, o que aconteceu? Por que está chorando?

- O Luigi... O Luigi está...

- Não sai de perto dele, eu já estou indo.

Encerrei a ligação e sai do estacionamento o mais rápido que consegui.

- Marcello, o que está acontecendo?

- Luigi está convulsionando, preciso ir rápido pra casa.

Quase causei um acidente, ultrapassei sinaleiras, cruzamentos e com certeza levarei alguma multa por excesso de velocidade, mas é a vida do meu filho que está em jogo e sou capaz de tudo por ele.

Estacionei, puxei o freio de mão e entrei em casa deixando a Camila para trás.

- MATHEUS!

- AQUI NO QUARTO TIO MARCELLO.

Subi correndo para o quarto, Luigi estava no chão, Matheus estava do lado dele totalmente apavorado.

- E-ele caiu e eu não sabia o que fazer, me desculpa tio.

- Ei, está tudo bem, a culpa não é sua.

Coloquei o travesseiro embaixo da cabeça dele e esperei que a crise passasse.

- Tio, ele vai ficar bem?

- Vai sim meu anjo, vai sim.

Luigi aos poucos foi parando de se debater, olhei para o meu relógio e tinham se passado cinco minutos, dessa vez a crise durou mais do que as outras.

- Luigi, acorda.

Ele abriu os olhos e começou a chorar, levantei ele devagar e o abracei.

- Já passou meu amor, está tudo bem.

Acabei lembrando da Camila e das coisas que compramos.

- Matheus, desce lá embaixo e vê se a Camila já entrou, tem as sacolas das compras no porta malas, ajuda ela a trazer pra dentro.

- Tá bom.

Depois que ele saiu do quarto, levantei Luigi do chão e peguei ele no colo.

- Você vai tomar um banho quente, colocar seu pijama e tentar dormir um pouco.

- Não quero dormir.

- Você precisa descansar meu amor.

- Não quero pai, eu quero conhecer a Camila, preciso fazer algumas perguntas.

- Perguntas sobre o que? - Perguntei colocando ele na cama

- Quais são as intenções dela com o meu papai.

- Amor, eu sei me cuidar, não precisa se preocupar.

- Mas eu me preocupo.

- Eu sei filho, mas eu sei me cuidar e você só vai ter que se preocupar quando você começar a namorar.

- Por que?

- Porque vou estar esperando ele ou ela na sala de estar com um taco, uma faca e a minha arma encima da mesa de centro.

- Nossa pai, não precisa de tudo isso.

- Precisa sim, porque você é o meu único filho, é o amor da minha vida, é o melhor motivo para que eu continuasse vivo.

- Eu amo tanto o senhor.

- Eu também te amo meu anjinho lindo, agora vai tomar banho, vou descer e qualquer coisa você me chama.

- Pede para o Matheus subir?

- Sim amor, ele já sobe.

Dei um beijo nele e desci para a cozinha. Matheus e Camila estavam conversando e rindo.

- Tio, o Luigi está bem?

- Sim, está sim, sobe lá e me chama se precisar de alguma coisa.

- Tá bom.

Depois que ele subiu, peguei uma garrafa de cerveja da geladeira e sentei na banqueta.

- Me desculpa por ter te deixado pra trás.

- Marcello, seu filho estava tendo uma convulsão, ele é mais importante.

- Dessa vez foram 5 minutos, demorou mais para a crise passar.

- Não é a primeira vez que acontece?

- Não, já perdi até a conta de quantas foram, mas graças a Deus que não é uma atrás da outra.

- Ainda bem mesmo.

- Já conheceu o Matheus, o melhor amigo do Luigi.

- Sim, ele estava bem assustado, fiquei com dó dele.

- Aquele menino é um pestinha, mas sempre está do lado do meu filho quando ele precisa.

- E o Luigi?

- Está ansioso pra te conhecer, ele quer saber quais são as suas intenções comigo.

Ela riu e começou a mexer nas sacolas de compras.

- Só as melhores possíveis.

- O interessante é que ele não quer saber as minhas.

- E é melhor ele nem saber mesmo, Luigi nem imagina o quanto o pai dele é safado.

Agora foi a minha vez de rir e ofereci a minha cerveja pra ela.

- Quer?

- Quero.

- Fica com essa, vou pegar mais pra gente.

- O que vamos fazer para o almoço? O que os meninos gostam de comer?

- Matheus come qualquer coisa, o Luigi que é mais chatinho pra comer, na verdade, não é tudo que ele consegue comer.

- O que tinha em mente?

- Uma lasanha, carne assada, um arroz de forno ou Strogonoff.

- Eu amo Strogonoff.

- Vamos fazer Strogonoff então.

- Ele come?

- Sim, ele gosta.

Ela colocou as duas mãos no rosto, apoiou os cotovelos na mesa e me olhou.

- O que foi?

- Eu amo ver o brilho que aparece nos seus olhos quando você fala dele.

- Aquele menino é a minha salvação, é por causa dele que eu levanto e luto todos os dias por um mundo melhor.

- Isso é tão lindo, Luigi tirou a sorte grande de ter você como pai dele.

- Eu que fui o sortudo por ter um filho como ele.

Babá Onde histórias criam vida. Descubra agora