Beatrice Castellani enfrentava uma perda repentina e buscava por justiça desde então. Traçava uma linha direta em seu dia a dia, vivendo um dia após o outro, deixando que seu ódio e rancor tomasse conta da mesma, disposta a descobrir o culpado pela...
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"Dizem que á vingança é para os fracos. Mais não é bem assim, pois fraço é aquele que não se vinga."
ㅡ Jabes S.
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A dor realmente poderia invadir o coração de um ser humano com tanta força, até mesmo onde menos esperávamos, e Beatrice presenciou um daqueles dias mais difíceis.
O ano era 2023, final de abril. Do lado de fora de um hotel luxuoso ㅡ arrisco a dizer o mais caro de São Paulo ㅡ uma multidão curiosa se aglomerava na calçada. Tudo parecia um caos gigantesco. Havia uma ambulância e dois carros blindados da polícia, com oficiais observando tudo atentamente, tentando controlar a situação.
Afinal, quando falamos de seres humanos, estamos nos referindo também ao quão podres e insanos eles podem se tornar, a ponto de cometer tragédias irreversíveis, gerando uma dor tão profunda que é impossível de controlar.
Foi assim para Beatrice. Parada no meio daquela multidão, cercada por pessoas com celulares nas mãos, filmando cada detalhe ao redor. Um acidente terrível havia ocorrido do lado de fora daquele hotel luxuoso.
Tudo ao redor paralisou. Beatrice não conseguia ouvir os policiais que tentavam obter informações, sua visão fixava-se no corpo estendido à sua frente.
O mundo parecia ter desaparecido, seu coração estava completamente despedaçado. Uma sensação horrível a atingia em cheio e tudo piorava à medida que mais curiosos se aproximavam até a faixa permitida pela polícia.
Sua irmã, Angelina, estava morta bem diante dela. Uma visão terrível de se presenciar. O cadáver estava jogado sobre o chão gélido, cheio de hematomas pelo corpo, cortes profundos na garganta, sangue espalhado perto da cabeça pelo impacto com o chão. Marcas roxas no pescoço indicavam que a mulher fora estrangulada. Beatrice perdeu todas as forças ao observar o corpo de sua irmã e demorou a acreditar que aquilo estava realmente acontecendo.
Tudo parecia girar, era como se estivesse presa em um transe surreal do qual não podia se mover ou falar. As lágrimas escorriam pelo rosto e a ficha começou a cair: sua irmã estava morta. Seu coração doía e uma sensação dolorosa invadia seu peito, fazendo-a cair de joelhos ao lado do corpo, permitindo que a tristeza a consumisse de uma forma inexplicável.
Beatrice não se movia. Tudo o que sentia era raiva e uma dor incontrolável que tomava conta de seu corpo a cada segundo. Uma visão angustiante, sua irmã jogada no chão daquela forma e ela incapaz de tocá-la. Lembrava-se da noite anterior, quando Angelina lhe enviara uma mensagem animada, avisando que havia comprado uma casa na Espanha e que se mudaria em breve. Isso a deixava completamente desnorteada, sem saber o que fazer.
Todo dia 23 do mês, Beatrice acendia uma vela, revivendo o tormento daquele dia horrível em que sua irmã querida havia partido, quase um ano atrás. A dor ainda cravava-se em seu peito, os gritos ecoavam em sua mente, e o choro incessante trazia uma sensação insuportável de perda. Angelina, a pessoa que ela admirava desde pequena, o seu maior tesouro, havia sido arrancada de sua vida. Angelina era a força em seus dias difíceis, a guia nos estudos, e a voz sábia nos conselhos sobre a vida adulta e amorosa. Agora, essa presença fundamental estava perdida para sempre.
