Beatrice Castellani enfrentava uma perda repentina e buscava por justiça desde então. Traçava uma linha direta em seu dia a dia, vivendo um dia após o outro, deixando que seu ódio e rancor tomasse conta da mesma, disposta a descobrir o culpado pela...
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Adriana sempre fora a imagem da perfeição para quem a conhecia de fora. Nascida em uma família humilde do interior, construiu seu caminho até a elite paulistana com determinação feroz. Sua história era a de uma mulher resiliente, uma esposa devota que trabalhava ao lado do marido para construir um império familiar sólido e respeitável. Mas, sob o verniz de tranquilidade e dedicação, existia uma força de vontade quase obsessiva que poucos conheciam de verdade.
Desde cedo, Adriana aprendera que, para sobreviver, precisava controlar as variáveis ao seu redor. Essa habilidade a transformou em uma estrategista impecável nos negócios, mas também uma presença avassaladora dentro de casa. Seu temperamento, antes mascarado por sorrisos educados e palavras gentis, aos poucos começou a se revelar. Ela tinha um olhar que parecia despir qualquer um, uma postura que exigia obediência, e uma voz que, embora baixa, carregava uma autoridade inquestionável.
Angelina, a filha mais velha, conhecia esse lado de Adriana melhor do que ninguém. Adriana era controladora, impondo regras rígidas e expectativas impossíveis à jovem, sempre sob o pretexto de querer "o melhor" para ela. Angelina era sua extensão, seu reflexo no mundo, e não havia espaço para erros. O menor deslize era seguido de críticas cortantes e, muitas vezes, de uma frieza que feria mais do que gritos poderiam fazer. Mas, por trás desse controle, havia uma inquietação; Adriana temia perder o controle sobre Angelina, que, diferente dela, tinha um espírito livre e um brilho próprio que atraía pessoas naturalmente.
Com Beatrice, as coisas sempre foram diferentes. A filha mais nova era tratada com uma mão mais leve, talvez porque Adriana acreditasse que Beatrice não representava a mesma ameaça. Ela era a enfermeira dedicada, a jovem que seguia seu próprio caminho, mas que, ao mesmo tempo, não parecia questionar a autoridade da mãe. Ou assim Adriana pensava.
Por anos, Adriana manteve sua fachada de mulher calma e equilibrada. Em público, ela era a esposa perfeita, a matriarca respeitada que inspirava admiração. Mas dentro de casa, ela era o centro de um microcosmo onde tudo precisava girar ao seu redor. Seu temperamento forte fazia com que as pessoas ao seu redor sempre andassem em ovos, temendo um deslize que pudesse provocar sua ira. Seu marido, um homem acostumado a liderar, muitas vezes preferia ceder às exigências de Adriana para evitar conflitos maiores.
O que Adriana não previa era que o mesmo controle que ela exercia sobre os outros acabaria por consumi-la. A morte de Angelina foi o estopim de uma transformação sombria. Enquanto ela chorava diante das câmeras, desempenhando o papel da mãe devastada, a verdade sobre seu envolvimento começava a corroer sua máscara. Adriana não era apenas controladora; ela era capaz de manipular, mentir e, como Beatrice vinha descobrindo, até de atos ainda mais terríveis.
Agora, Beatrice via sua mãe sob uma nova luz. Aquela mulher que ela admirava, que ela acreditava ser uma fortaleza de virtudes, estava se revelando algo totalmente diferente. Adriana não era mais a mãe protetora; ela era uma figura sombria, disposta a tudo para proteger seu império, sua imagem e, acima de tudo, a si mesma. O temperamento forte que antes parecia ser apenas uma característica marcante agora era um indício de algo muito mais profundo e perigoso.
